por Ana Maria Costa
O Transtorno de Pânico se caracteriza pela ocorrência de crises de forte ansiedade ou medo. As crises são entendidas como intensas, repentinas e inesperadas que provocam sensação de mal-estar físico e mental.
Sintomas mais comuns:
– aceleração da frequência cardíaca;
– medo de enlouquecer ou de perder o controle de si mesmo;
– medo de morrer;
– náusea ou desconforto abdominal.
Comportamentos mais comuns:
– fuga do local onde a pessoa se encontra;
– procura constante por pronto-socorro;
– realização de vários exames clínicos;
– isolamento social;
Relato de um caso de pânico
L.S. esteve em meu consultório no mês de julho de 2011. Era uma jovem, então com 17 anos, estudante do último ano do ensino médio.
A jovem mora com os pais e uma irmã mais velha.
Ela veio para a consulta acompanhada pela mãe e irmã; entrou no consultório ofegante, pálida e muito assustada. Relatou que acreditava ser vítima de uma doença não diagnosticada pelos médicos e sentia muito medo por isso. Pensava que poderia morrer a qualquer momento vitima de um ataque do coração ou de outra doença.
Sua mãe me apresentou um volumoso envelope com vários exames clínicos, realizados após inúmeras visitas aos médicos, procurando por explicações para as preocupações de sua filha. Todos os exames apontavam para uma saúde perfeita sem quaisquer problemas físicos. Nada justificava o pânico que L.S sentia, acreditando que poderia morrer subitamente.
Devido a esses pensamentos, passou a sair de casa sempre acompanhada pela mãe ou irmã; isolou-se dos amigos e não frequentava mais o colégio.
Quando perguntei a ela por que estava ofegante ao entrar no consultório, L.S. diz que não tinha explicações para isso e que sempre era surpreendida pela dificuldade de respirar e por isso acreditava que sofria de algum mal desconhecido. Pedi que se lembrasse do trajeto que fez até chegar ao meu consultório. Com alguma dificuldade relatou que estavam atrasadas, estacionaram longe e vieram andando rápido. Ao chegar no prédio, mediante a demora do elevador, optaram pela escada.
Pedi a ela que perguntasse à sua mãe e à sua irmã como estavam respirando após esse trajeto. Ambas confirmaram que também estavam respirando com certa dificuldade, sentiam-se ofegante “puxando o ar”. L.S. foi colocada por mim em uma situação de constatação de realidade onde: todos ficamos ofegantes quando exigimos mais do nosso organismo. Essa técnica fez com que L. S. percebesse com mais clareza o que estava acontecendo à sua volta, analisando esse fato com mais tranquilidade.
O que se seguiu foi uma tratamento psicoterápico onde concentrei o uso de psicoeducação (explicações sobre o transtorno do pânico e seus sintomas), respiração diafragmática seguida de relaxamento muscular e informações sobre o funcionamento da ansiedade no sistema neurológico. Essas orientações são importantes para que o paciente compreenda o que ocorre com a sua mente e com o seu corpo impedindo as crises de ansiedade que levam ao pânico.
Como o cérebro responde frente às interpretações de ameaças
É muito útil orientar a todos que o nosso cérebro responde frente às interpretações de ameaças (perigo, medo) onde reagimos lutando ou fugindo. Para que essas reações (lutar ou fugir) ocorram, necessitamos de um maior volume de sangue e oxigênio. Por isso notamos o coração acelerado e a respiração ofegante.
Essas condições são saudáveis, pois respondem a uma necessidade de preservação diante do perigo. Os que desenvolvem o Pânico prestam muita atenção nessas reações e não têm o entendimento de que o corpo está reagindo de forma saudável, acreditam que estão sofrendo de uma doença. O trabalho do psicólogo além de orientar sobre o funcionamento do organismo, deve orientar para que o paciente perceba que está sentindo-se ameaçado com muita facilidade, nesse caso os motivos devem ser identificados.
L.S respondeu muito bem ao tratamento e voltou para as suas atividades normais de uma jovem saudável.