Da Redação
“Cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem de TDAH, um problema neurobiológico que surge na infância e que pode acompanhar o indivíduo pela vida toda. Cinco a oito por cento das crianças sofrem desse transtorno”
Inquietude, dificuldade de concentração, notas baixas na escola, esquecimento. Esses são alguns sintomas do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), uma doença que acomete mais de 330 milhões de pessoas do mundo, mas que ainda é pouco conhecida.
Ainda muito se estuda a respeito das possíveis causas do TDAH. Alguns estudos sugerem que a doença está relacionada a alterações na região frontal do cérebro – responsável pelo controle do comportamento, capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento – e suas conexões com toda a sua parte restante. Essas possíveis alterações estão diretamente relacionadas aos neurotransmissores dopamina e noradrenalina, que passam informações entre células nervosas (neurônios).
Alguns fatores são considerados predisponentes, tais como certas substâncias ingeridas na gravidez, principalmente tabaco, baixo peso ao nascimento, sofrimento fetal e exposição ao chumbo na infância. Hoje em dia, de fato, já foram identificados genes relacionados ao TDAH, o que reforça a teoria da causa neurobiológica e não sóciocultural como alguns ainda acreditam.
A doença dá sinais desde o início da infância e pode causar diversos prejuízos. “A criança tem dificuldade em manter a atenção especialmente em atividades que exijam raciocínio ou leitura, em concluir tarefas e atividades, em se organizar. Tem dificuldade em permanecer sentada, é inquieta, tem dificuldade em aguardar a sua vez. Esses sintomas frequentemente interferem no processo de aprendizagem e no relacionamento com amigos e com a família.”, explica o Dr. Guilherme Polanczyk, Professor de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Faculdade de Medicina da USP.
Um dos grandes desafios do diagnóstico é o fato de muitos pais associarem o mau comportamento do filho a uma fase ou personalidade. “O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado na entrevista com os pais, com a escola e na avaliação da criança. Os sintomas devem ser persistentes e acompanhar a criança nas diversas situações e ambientes em que está inserida.
Quando esses sintomas prejudicam a criança, a necessidade de tratamento é inquestionável, e deve ser iniciado o mais cedo possível. O tratamento precoce evita o acúmulo de prejuízos e problemas ao longo do tempo, possibilita que a criança desenvolva o seu potencial e leve uma vida normal”, comenta.
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade não tem cura, mas, se cuidado, o paciente pode ter uma vida normal. “O plano de tratamento deve combinar medicação diária, psicoterapia e intervenções específicas em função de situações que acompanham o TDAH, como transtornos de aprendizagem, por exemplo. Para combater sintomas de desatenção e hiperatividade, as medicações se mostram mais eficazes do que outras intervenções”, conclui o especialista.