por Elisa Kozasa
“Sente-se com a coluna ereta, sinta o eixo do corpo alinhado, inspire devagar, expire lentamente e relaxe…” Bem, se você já comprou aqueles CDs de relaxamento, ou resolver fazer alguma aula de yoga, provavelmente já ouviu esse tipo de instrução. Se você não havia tentado fazer isso com seriedade, achando que é mais uma daquelas coisas de hippies ou new ages malucos, não custa nada experimentar e você vai sentir que vale a pena investir alguns momentos do seu dia para esse tipo de prática em 2009.
Resposta de relaxamento
A partir desse tipo de prática, podemos induzir a resposta de relaxamento, que tem sido considerada como o oposto da resposta de estresse. Esse termo, resposta de relaxamento, tem sido desenvolvido nos últimos 30 anos por Herbert Benson, baseado nos trabalhos do prêmio Nobel Walter R. Hess. Benson é um famoso cardiologista de Harvard que é um dos pioneiros no estudo da meditação e seus efeitos fisiológicos. Atualmente ele está à frente do Mind-Body Institute, que além de pesquisas, oferece tratamentos baseados na resposta de relaxamento, nas mais diferentes áreas, desde hipertensão à infertilidade.
Resposta de relaxamento – Essa resposta resulta em redução do metabolismo, da freqüência cardíaca, da pressão arterial, e da taxa respiratória, bem como em redução da atividade cerebral, promovendo um estado de regeneração e descanso.
Para relaxar é preciso acreditar
A resposta de relaxamento é reforçada por uma crença ou confiança nos possíveis resultados positivos que podemos obter com a prática, bem como na crença de que o ambiente em que nos encontramos é seguro ou confortável para nosso relaxamento. Aliás, a crença é um fator crucial na terapêutica. Apenas o fato de confiarmos em nosso médico ou terapeuta é o suficiente para que possamos relaxar e diminuir nossa ansiedade e estresse, e sentir conforto ou melhora.
Os processos *cognitivos desempenham portanto, um importante papel. Eles podem nos fazer disparar uma resposta de estresse ou nos fazer desativá-la e gerar uma resposta de relaxamento. A crença positiva tem um componente emocional no cérebro que pode reforçar a circuitaria motivacional ou de recompensa gerando uma emoção positiva. A emoção positiva é acompanhada de marcadores somáticos, isto é, sensações corporais que acompanham a emoção e trazem uma sensação positiva e prazerosa. Em termos terapêuticos, esse tipo de crença pode aumentar nossos processos fisiológicos naturais de cura.
Crença, confiança, prazer e amor são sensações que através do nosso sistema límbico, e outras áreas do sistema nervoso central e também do periférico estão envolvidos com a resposta de relaxamento, porque são fatores críticos para que percebamos uma situação como segura ou não para induzir o relaxamento.
O sistema nervoso simpático está sempre ativado, mantendo nosso estado de alerta, e isto tem um grande valor para nossa sobrevivência. Porém, após nossos processos neurais límbicos (envolvidos em nossos comportamentos emocionais) determinarem que é seguro reduzir nosso nível de alerta, ou seja, relaxar, o relaxamento pode ocorrer. Esse último processo pode suprimir a formação de noradrenalina, reduzindo a ativação do sistema simpático, diminuindo nosso alerta excessivo e o estresse. Na resposta de relaxamento ainda são liberados nossos opióides naturais como as endorfinas, assegurando uma sensação agradável e prazerosa.
Em outras palavras, procure um ambiente agradável, que lhe traga boas sensações, desligue-se de suas preocupações e relaxe. Pode ser uma academia de yoga, ou até mesmo em uma cadeira de praia, olhando para o mar…
Dicas de leitura
Stephano GB, Fricchione GL, Esch T. Relaxation: molecular and physiological significance. Med Sci Monit, 2006; 12(9): HY21-31.
Benson H, Klipper MZ. The relaxation response. Harpertorch publishers, New York, 2000.
* Relativo ao conhecimento, à cognição; relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio (Fonte: Houaiss)