por Roberto Santos
Resposta: Já respondi a várias perguntas sobre o assunto de comportamento ideal em situações de entrevista de emprego, como o que falar sobre pontos fracos e o que responder a certas perguntas enigmáticas ou ridículas sobre o que você seria se fosse um animal ou um alimento.
A questão sobre o salário pretendido é uma das mais clássicas e que geram mais dúvidas em situações de entrevistas de emprego, especialmente quando estamos muito interessados pela vaga.
Pessoalmente, já lidei com este tema nas duas posições — poucas vezes como entrevistado e muitas como entrevistador. Pode-se dizer que o dilema existe dos dois lados. O entrevistador precisa fazer uma proposta atrativa para o candidato quando esse é aquela peça rara de se encontrar e não se pode decepcionar com uma proposta irrisória. Por outro lado, o entrevistado precisa pensar bem em quanto pedir para não assustar o entrevistador que poderia dispensá-lo por acreditar que, em não podendo atender à sua pretensão, terá que lidar com sua desmotivação depois de contratado.
Para ambos os lados, o referencial mais seguro é o salário atual ou o último que se tem registro. O entrevistador desconfia quando o candidato aceita trocar o emprego por salário igual ou inferior se este ainda estiver empregado. Se a pretensão foi superior a 30%, o entrevistado também pode queimar seu filme, pois pode dar a entender que não tem muito interesse em trocar de posição, salvo se seu salário atual estiver muito defasado em relação ao mercado.
Outro fator muito importante a ser considerado de ambas as partes, é o que complementa o salário-base que chamamos de remuneração total. Aqui estão incluídos os benefícios e a remuneração variável como bônus, comissões, participação em lucros e resultados, e outros elementos dessa natureza. Pode acontecer que no balanço total, a remuneração total seja superior aos 30%, ainda que o salário base — aquele registrado na carteira de trabalho — apenas empate com o que se recebe no presente.
Finalmente, há os aspectos menos tangíveis ou não monetários que devem ser levados em conta como candidato — oportunidade de realizar um trabalho mais interessante e desafiador, um ambiente de trabalho mais atrativo e agradável, oportunidades de treinamento, desenvolvimento e de crescimento na carreira. No curto prazo, a remuneração pode ficar para trás, mas no longo prazo, nossa realização e qualidade de vida compensarão um contracheque ou holerite temporiamente inferior. O balanço entre esses diversos elementos de remuneração, de condições de trabalho, de oportunidades de carreira, etc. deve ser ponderado de acordo com as necessidades e interesses de cada uma das partes, havendo pouca receita que sirva para todos os gostos.