por Elisandra Vilella G. Sé
Com o envelhecimento da população idosa, tanto em países desenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil, torna-se fundamental a criação de políticas acadêmicas direcionadas para a educação permanente e a educação continuada com as pessoas idosas.
O processo acelerado do envelhecimento populacional desafia as instituições a se adaptar.
No Brasil, o envelhecimento populacional ocorre de forma acelerada; governo e instituições terão que se adequar para enfrentá-lo.
O número crescente de idosos tem gerado novas demandas por políticas públicas e novos desafios para o Estado, a sociedade e a família. O Brasil precisa se preparar para responder ao crescimento da proporção de idosos na população e ao aumento de expectativa de vida com propostas efetivas nas áreas de saúde, educação, social e econômica.
A queda combinada das taxas de fecundidade e mortalidade vêm ocasionando uma mudança na estrutura etária, com a diminuição relativa da população mais jovem e o aumento proporcional de pessoas adultas e idosas.
Nos países em desenvolvimento, os avanços da tecnologia, principalmente aqueles aplicados à medicina, foram os fatores determinantes para a mudança de perfil demográfico da população.
A tendência de queda da fecundidade deverá continuar, embora em menor intensidade, por pelo menos mais algumas décadas, assegurando proporções cada vez maiores de idosos.
Por exemplo, segundo dados de pesquisas realizadas pelo IBGE, em 1980, a população brasileira dividia-se, igualmente, entre os que tinham acima ou abaixo de 20,2 anos, em 2050, essa idade mediana será de exatos 40 anos.
Outra comparação importante: em 2000, 30% dos brasileiros tinham de zero a 14 anos, e os maiores de 65 representavam 5% da população. Em 2050, esses dois grupos etários se igualarão: cada um deles representará 18% da população brasileira. Esses números revelam a importância cada vez maior das políticas públicas relativas ao envelhecimento no Brasil.
Portanto, o processo de envelhecimento transformou-se num fenômeno contínuo. Isso torna necessário a adoção de políticas específicas, com o objetivo de proporcionar um envelhecimento saudável, ativo, respeitando os direitos, as prioridades, as preferências, as capacidades e a dignidade dos idosos, como já preconizado pela ONU. Com isso, tornam-se cada vez mais importante políticas sociais, educacionais e de saúde voltadas para a terceira idade.
Os múltiplos aspectos que caracterizam o processo de envelhecimento chamam para a necessidade de propiciar à pessoa idosa atenção abrangente, priorizando não somente o controle de doenças, mas principalmente, o bem-estar físico, psíquico e social, ou seja, a melhora da qualidade de vida.
No contexto da Educação surgiram várias possibilidades de realização de programas para a educação não formal que constitui uma grande número de atividades oferecidas aos adultos e idosos visando a educação em saúde, à sociabilidade, o lazer, a atualização profissional, o apoio psicossocial e muitas outras.
Desde 1960, em nosso país, presenciamos um aumento significativo de grupos e centros de convivência e o SESC (Serviço Social do Comércio) foi o pioneiro no trabalho social com idosos e tem possibilitado atividades de lazer e cultura, ao mesmo tempo em que realiza palestras sobre temas relevantes para a compreensão do processo de envelhecimento.
Universidades para terceira idade
No Brasil esse campo foi mais expressivo em Universidades Abertas à Terceira Idade, sendo seu funcionamento principalmente nas Instituições de Ensino Superior inseridos nos projetos de Extensão e só ganharam destaque nos anos 90 quando se multiplicaram nas universidades brasileiras. A proposta a princípio sempre foi o ensino, a manutenção da independência e a convivência.
A primeira Université du Troisième Âge voltada para ensino e pesquisa – tendo preocupações com as questões de saúde física, mental e social dos idosos – foi fundada em 1973 por Pierre Vellas na cidade de Toulouse, na França. Em agosto de 1990, a Faculdade de Serviço Social da PUC – São Paulo implantou a Universidade de Terceira Idade, que contou com a assessoria do professor Paulo Freire na discussão de sua proposta pedagógica, de extensão universitária e de educação permanente, concebida como um direito do cidadão idoso na busca de liberdade e democracia.
Os programas de universidade de terceira idade chamam atenção para a criação de espaços com objetivo de tirar o idoso do isolamento; propiciar saúde, interesse pela vida e modificar a imagem do idoso perante a sociedade.
Muitas das dificuldades decorrentes da idade podem ser compensadas através da inserção dos idosos em um programa que apresente novas possibilidades de vida social, atividades físicas, culturais e de ações preventivas de saúde física e mental. Além disso, os idosos ganharam visibilidade e atualizam seus conhecimentos.
A participação de idosos nesses programas tem despertado a grande maioria para a tomada de consciência do envelhecimento ativo, do alcance de um envelhecimento bem-sucedido e da boa qualidade de vida na velhice.
Nos programas de educação permanente, destinados aos idosos, o trabalho em conjunto entre aluno e professor, impulsiona-os para o aprendizado mútuo, recíproco, em que o professor e o aluno, juntos, dividem expectativas e ansiedades, descobrindo formas de vencer preconceitos e enfrentando desafios impostos pela sociedade às pessoas mais velhas.
E a universidade brasileira tem um papel fundamental a assumir nesse processo, no sentido de fornecer subsídios às pessoas que estão envelhecendo para viverem mais e com qualidade. Por outro lado, necessita-se investir na formação e qualificação de recursos humanos para atuar junto à população idosa.
Assim, os programas educacionais, as práticas de educação inclusiva, o lazer, serviços de qualidade, passaram a não ser mais um privilégio dos jovens e nem uma atividade unidirecional e sim também um benefício para o idoso.