Como você explicaria minha teoria para um jardineiro?
Essa era a pergunta que Jung fazia aos candidatos à formação de analistas em Zurique. Jung já sabia que era impossível compreender sua teoria apenas usando a razão.
Quem já entrou no meu consultório, conhece a árvore de romã que tenho desde 2013. Venho cuidando e observando-a, num movimento lento, como nos ensina a natureza.
Não é uma tarefa fácil. Cuidar dessa árvore simbólica e real tem me ensinado lições importantes, e espero um dia responder a essa pergunta de Jung.
Descobri, na lição de hoje, que nem todas as sementes que caem no nosso terreno são benéficas. Algumas chegam discretamente pela brisa do vento… se aconchegam na terra úmida que regamos todos os dias com o suor do nosso trabalho, e vão se apropriando lentamente do nosso espaço sagrado, fincando raízes profundas e invisíveis…
Percebemos aos poucos a sua presença… E é incrível como, das ervas daninhas, brotam flores delicadas e bonitas. Suas cores são lindas e sedutoras. Fica difícil termos coragem de arrancá-las do nosso jardim. Quando menos esperamos, elas começam a se espalhar por todos os lugares, dominando nosso terreno vagarosamente, afinal de contas, suas pequenas flores são lindas, que mal elas poderiam fazer?
Mas, aos poucos começamos a perceber que as outras plantas do jardim começam a perder sua força… os brotos das árvores ficam enfraquecidos, as flores que perfumam o jardim começam a secar. Percebi que as ervas daninhas não exalam nenhum perfume, mas sua persona delicada seduz os olhares que valorizam apenas o que está na superfície da vida.
Portanto, antes que sua árvore morra ou enfraqueça, tente identificar as ervas daninhas que estão escondidas no seu jardim… suas raizes às vezes são tão profundas, que precisamos cavar fundo e retirar essas sementes do mal, antes que seja tarde demais.
Não tenha medo… essa tarefa cabe apenas à você. Retire da sua vida o que te enfraquece, e cuide da sua raiz, da sua árvore, da sua terra. Aprenda a cuidar de si mesmo.
“Ninguém torna-se iluminado imaginando figuras de luz. Mas sim, tornando a escuridão consciente.” (CG Jung)