Escova progressiva: saiba o que realmente funciona e por quê

por Sonia Corazza

Existe muito mal-entendido em relação às diversas propostas para reformatação do fio, fala-se de escova de chocolate, escova sem formol, escova assim e escova assada, mas a verdade é que a maioria delas está baseada no tradicional processo de redução e depois oxidação do cabelo.

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Podemos extrair bons princípios ativos (usando biotecnologia), mas in natura não são absorvidos pelo cabelo. Não danificam, mas não fazem nada e, cá entre nós, a presença de qualquer uma dessas substâncias da forma como a natureza disponibiliza, é uma excelente fonte de contaminação microbiológica e desestabilizaria qualquer fórmula. Chocolate, banana e mel nutrem você de dentro para fora, deixe a tecnologia cosmética nutrir você de fora para dentro.

Alisamento convencional

Na técnica de alisamento tradicional a cisteína, aminoácido presente na fibra capilar e representado pelos símbolos RSH, pode interagir com outra cisteína da mesma cadeia de peptídepos e formar uma ligação covalente: RSSR. R significa radical, S enxofre e H Hidrogênio, lembra-se da aula de química da escola?

Essas ligações são responsáveis pelas "ondas" que aparecem nos cabelos. A possibilidade da interconversão entre as formas oxidadas (RSSR) e reduzidas (RSH) da cisteína é que permite ao cabeleireiro "moldar" o seu cabelo, ou seja, alisar um cabelo crespo, ou fazer "cachos" e "ondas" em um cabelo liso.

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Processo químico tim-tim por tim-tim

O alisamento do cabelo compreende duas etapas consecutivas: redução e oxidação. A primeira etapa consiste na redução de todos os grupos RSSR. Isso se faz, geralmente, com a aplicação do ácido tioglicólico (também conhecido como ácido 2-mercaptoacético) em uma solução de amônia (com pH alcalino, na faixa de 9), chamada de "solução relaxante". Esta solução reduz os grupos RSSR para RSH.

A segunda etapa consiste em imprimir ao cabelo a forma lisa desejada. Após se lavar toda a solução de ácido tioglicólico e se esticar o cabelo, o cabeleireiro oxida os grupos RSH para RSSR, com a aplicação de um agente oxidante, tal como o peróxido de hidrogênio (H 2O2, água oxigenada) ou borato de sódio (NaBrO3) solução "neutralizante".

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Avanços em formulações, a verdade

De fato existem fórmulas mais avançadas, inovadoras, que causam menor prejuízo para o cabelo. Entre os produtos que mais indico está uma nova fórmula onde na primeira etapa a redução de todos os grupos RSSR com Tioglicolato de Amônia acontece numa faixa de pH entre 7 e 9, o que não danifica o cabelo na mesma proporção que os alisantes comuns.

Na segunda etapa a oxidação de todos os grupos RSH para RSSR com Peróxido de hidrogênio é realizada em base hidratante contendo Poliquaternário 35, um Polímero condicionador, e Ácido salicílico, um Beta-hidróxido-ácido microesfoliador e doador de brilho.

Com esse tipo de tratamento químico o cabelo sofre menos, ganha em resultado estético e mantém sua estrutura mais próxima da composição original. E só, pessoal! Essa história de chocolate, banana e mel serve para fazer uma boa sobremesa, não para alisar cabelo…