por Marta Relvas
Biologicamente o humano não nasce com o circuito da escrita pronto, ele é desenvolvido pelo processo da cultura dos símbolos, signos e significados.
Hoje, deve-se pensar na escrita em várias possiblidades e aspectos. Que tipo de escrita se deseja que o humano desenvolva? Manuscrita, digital?
Essa resposta só será possivel quando o humano entender que o fundamental é a funcionalidade da expressão através da comunicação, verbal, não verbal, escrita, falada ou linguagens de sinais. O fundamental é a comunicação!
Vivemos em uma sociedade da linguagem escrita, e essa nos provoca criar e construir possibilidades, horizontes. Es(crever) é apresentar-se de várias maneiras.
O único animal capaz de realizar tal capacidade é o humano, devido ao desenvolvimento e aprimoramento do sistema locomotor superior, mais o refinamento da oponência do polegar, provocando um movimento fino e delicado em forma de pinça. Os movimentos menos refinados, como apreensão grossa e grotesca ficaram para os animais menos evoluídos na escala biológica.
O cérebro humano vem sofrendo plasticidade neuronal intencional com a finalidade de desenvolver um neocórtex mais hábil para exercer atividades motoras finas, como a escrita, costurar, bordar, elaborar instrumentos e utensílios.
Todo esse processo se dá pelo resultado da potencialidade neural do córtex motor, este possui fibras nervosas e motoneurônios que inserem–se nos músculos estriados esqueléticos, elaborando ações de respostas através da placa motora, tendo como principal função a de ativar a produção de neurotransmissores do sistema neuromuscular e o ato do movimento voluntário dos músculos estriados esqueléticos dos membros superiores ou inferiores.
O humano ganhou um neocórtex, que é um aparato biológico do pensamento, da reflexão, *metacognição. Importante para o desenvolvimento da linguagem, memória, atenção, tomadas de decisões, e quando estimulado, provoca o refinamento da leitura e escrita. Nesta área, existe o córtex visual, que é responsável em receber estímulos externos e processá-los para a organização da memória visual.
Somos cérebros leitores e escritores, a cultura da leitura e escrita fortalecem a nossa evolução cerebral e promovem novas conexões neuronais. Então, escrever é preciso!
* A metacognição foi definida por John Flavell (Stanford University) nos anos 1970 como o conhecimento que as pessoas têm sobre seus próprios processos cognitivos e a habilidade de controlar esses processos, monitorando, organizando, e modificando-os para realizar objetivos concretos.