por Regina Wielenska
Isso mesmo. Com certa frequência ouço pessoas dizendo que se recusam a contar ao parceiro do que gostam na cama, porque “a pessoa precisa ser capaz de sacar, sem que palavras sejam ditas”.
No meu limitado entender, ou elas se conhecem pouco e nada teriam a dizer ou sentem extrema vergonha, temem ser rejeitadas, mal entendidas, e aí se calam, argumentando com uma desculpa amarela a título de disfarce. Uma terceira hipótese, na qual prefiro não apostar minhas fichas, é que alguém se acha tão especial, muito importante mesmo, que espera que os outros automaticamente realizem seus desejos, apenas porque “a pessoa está no mundo e obviamente merece que suas necessidades sejam saciadas sem que ela precise batalhar por isso”. Em qualquer dos casos a pessoa provavelmente estará fadada a fracassar, permanecendo sedenta por acolhimento e prazeres.
Um professor deve se preocupar em dar a melhor aula possível, com didática e boa programação de conteúdo e se mostrar disponível ao aluno. Mas em caso de dúvidas e discordâncias, cabe ao estudante fazer perguntas, tirar dúvidas, pedir mais esclarecimentos e se empenhar na execução de exercícios de treino.
Sou eu quem precisa relatar com precisão ao médico ou dentista onde sinto a dor, quais suas características, qual é meu estilo de vida, meus hábitos e expectativas. Claro que a condução de uma boa entrevista inicial é ou deveria ser matéria essencial das faculdades de medicina e odontologia, mas o paciente precisa ajudar ao profissional na busca por um entendimento mais preciso.
Quem se abre ao outro de boa vontade, a pessoa que busca se comunicar com clareza e respeitosa afetividade, nem sempre será regiamente recompensada. Entretanto, se comparada aos calados, reticentes, herméticos, pouco expressivos, terá chances maiores de reciprocidade, concordância e aceitação mútua.
Muito bem: acabamos de estabelecer que quem tem boca vai a Roma e quem se cala … fica isolado e insatisfeito. Mas e quem não sabe ou não consegue se comunicar melhor, compassiva e eficientemente, como fica tudo isso? Nem todos possuem o dom da palavra, nem se sentem particularmente confortáveis para se abrir a alguém que mal conhece.
Bom, só tem um jeito: trata-se de começar do jeito que der, mansamente, até mesmo mencionando que tem extrema dificuldade de se abrir, mas acrescentando que isso não lhe impede de tentar. Peça ajuda ao outro, deixe que ele te conheça um bocadinho mais, solicite a ajuda possível, mesmo que com palavras meio desajeitadas.
Interessante será contatar que cada passo pequeno na direção do crescimento recíproco trará sentimentos novos, de confiança, bem-estar, conforto emocional. E um sucesso favorece ao outro. Fracassos e rejeições existirão sempre, mas estarão em contraponto aos bons momentos experienciados e terão menor relevância no cenário geral da vida.
O velho ditado já afirmava que passarinho que não arrisca não petisca. Vocês se recordam disso? Então, quando vão começar a temporada 2016 de corações e mentes um bocadinho mais abertos?