por Nicole Witek
Ai, ai, aiê!
Nosso corpo e, principalmente a arquitetura do nosso esqueleto, é fantástica. Você sabia que o Gustavo Eiffel – aquele mesmo Eiffel da torre de Paris – estudou a arquitetura do fêmur e da bacia para elaborar um edifício que hoje tem mais de 100 anos e recebe anualmente 6 milhões de visitantes?
Nossa coluna vertebral é uma mecânica extraordinária e deixa qualquer engenheiro espantado, tamanha a sua complexidade e engenhosidade. O plano mais profundo da coluna contém 258 feixes musculares individualizados. Sem falar dos outros músculos de nossa coluna!
Isso quer dizer que cada movimento de flexão para frente, ou extensão para trás, exige uma coerência de trabalho entre centenas de músculos. Isso parece simples, mas…Não é!
Coluna vertebral normal = equilíbrio das forças da gravidade As articulações entre as peças da coluna vertebral, os discos intervertebrais, têm um papel extraordinário para desenvolver. A cada movimento, as articulações entre as vértebras chamadas de discos intervertebrais, recebem um peso para ser distribuído corretamente, evitando o sofrimento.
Veja imagem ao lado
Nossa coluna foi concebida para lutar contra a força da gravidade. Sua estrutura permite que ela possa "crescer" em altura. Em muitos países, as mulheres carregam pesos que as vezes ultrapassam os 25 kg: a coluna resiste ativamente.
Quando se carrega um peso, os discos intervertebrais agem como amortecedores hidráulicos. Mas para que os discos não mudem de formato e para evitar que sejam amassados definitivamente, a natureza concebeu um sistema mirabolante.
O disco intervertebral tem um núcleo gelatinoso, cuja função é distribuir regularmente a pressão em todos os eixos! Fantástico!
Quando as duas faces das articulações das vértebras ficam paralelas, como por exemplo, quando se carrega peso sobre a cabeça, o núcleo fica localizado bem no centro do disco.
Ao contrário, se as faces das articulações estiverem oblíquas, o núcleo tende a se deslocar, para frente ou para trás do platô da articulação.
Vamos imaginar que eu esteja em pé: faço uma flexão para frente, a partir da articulação da bacia com as pernas: as faces das articulações das vértebras ficam paralelas, e não tem problema nenhum.
Se ao contrário, eu curvo a coluna para inclinar o tronco à frente: as faces das articulações das vértebras ficam oblíquas e o núcleo se desloca para trás, fugindo do centro.
Veja imagem ao lado
Isso não teria consequências se o núcleo tivesse possibilidade de voltar regularmente para o centro, depois do movimento. Mas em decorrência da complexidade da vida moderna, gerando diariamente muitas tensões musculares, isso se torna impossível. E aos poucos fazemos parte da porcentagem elevada de pessoas que terá dores nas costas no decorrer da vida. Segundo as estatísticas, 90% da população americana sofrerá com esse mal.
Como prevenir?
Já que acabamos de conhecer o mecanismo de 'amortecedores' dos discos intervertebrais, podemos fazer alongamentos, estiramentos na cadeira.
Ter a consciência desse mecanismo, e tentar amenizar as contraturas e tensões que se instalam ao longo do dia, já é uma prevenção fantástica contra as dores nas costas.
Técnica da impregnação
Existe mais uma técnica que o yoga recomenda: a da 'impregnação'.
'Impregnação' do quê?
Nós não percebemos mais a atuação da força da gravidade sobre nosso esqueleto. Enquanto estamos sentados ou em pé: nosso esqueleto é submetido a essa força.
Se nos deitarmos no chão, sobre as costas (em decúbito dorsal) e entregarmos nosso peso à força da gravidade, deixando nosso corpo todo ser "impregnado" por essa força poderosa, daremos uma chance para o núcleo do disco intervertebral voltar ao centro. Essa "Impregnação" permite o descomprimir dos discos.
Deixar o corpo ser "atravessado" por essa força e dar chances também para todas as circulações ficarem ótimas. Tanto a circulação sanguínea e linfática, como a circulação nervosa e a prânica.
Para resumir, deixamos a inteligência do corpo 'responder' e adaptá-lo à postura. Quando terminamos uma postura de yoga, é isso mesmo que pedimos para o corpo: o 'depois' da postura é tão importante quanto o 'durante', enquanto o corpo está imóvel. Nesse momento, nossa postura é simplesmente a 'postura deitada'. É só sentir a sensação de ”espichar” a coluna e pescoço.
Existe mais um meio muito simples para permitir que o núcleo volte no lugar certo num tempo mínimo: ainda em decúbito dorsal, vamos afastar os calcanhares o mais longe possível das pernas, os dedos dos pés voltados em direção as pernas, alongando os tendões de Aquiles. Ao mesmo tempo projetando o topo da cabeça para longe do pescoço para alongar a coluna: a coluna vertebral se alinha. Ficaremos assim 30 a 60 segundos, pensando na força da gravidade se aplicando à nossa coluna e querendo que essa força atravesse nosso corpo todo. Em tese é o seguinte: é só sentir a sensação de ”espichar” a coluna e pescoço.
Depois desse tempo, paramos com esse estiramento máximo da coluna e continuamos entregando o corpo todo a força da gravidade. Vamos imediatamente sentir um grande bem-estar e uma leveza maravilhosa decorrente da descompressão dos discos.
Essa técnica leva alguns segundos. Ela é importante para a saúde da sua coluna e para a prevenção da maioria dos males e dores comuns.
Desejo que essa prática faça parte da sua vida, e que sua coluna o leve através da vida com conforto e bem-estar… conseguido através da 'impregnação' do corpo com as forças do universo, inclusive a gravidade.