por Renato Miranda
No texto anterior (clique aqui), expliquei por que o problema não está na rotina, mas sim na sua qualidade. Agora explicarei como incorporar a atividade física na sua rotina.
No caso de um programa perene de exercícios físicos, há de se ter como meta inicial, o estabelecimento de uma rotina própria (específica e individualizada para o objetivo pretendido).
Como modelo para uma rotina inicial para exercícios físicos eu sugiro a seguinte diretriz:
1) Estabelecer um horário conveniente para treinar;
2) Aprender um bom conjunto de aquecimento e exercícios orientados;
3) Escolher os dias para a prática dos exercícios (entre 4 a 5 dias) e para o descanso (evitar que seja acima de 2 dias);
4) Aumentar gradativamente e com calma a intensidade e a quantidade dos exercícios (para melhor adaptar o organismo);
5) Dar ritmo aos mesmos. Com isso tem-se um aumento do controle das ações e facilita a melhoria da autoavaliação. Então só mude, por exemplo, a velocidade da corrida quando um determinado ritmo não exige mais esforço considerável.
6) Observar os detalhes dos movimentos corporais (exemplo, os detalhes dos movimentos dos pés durante uma corrida) para auxiliar a mente não se “dividir” entre o exercício e as outras questões do cotidiano (família, trabalho etc.) e para ficar totalmente absorto na tarefa.
7) Observar como a rotina entre estímulo (exercício) e descanso faz bem ao organismo.
8) Sempre fazer o treino com alegria e criar desafios próprios (como por exemplo, correr a mesma distância em um tempo menor!).
9) Insistir na seguinte “regra”: corpo um pouco cansado significa treinar mais suave – corpo cansado significa sinal para descansar e não se sentir culpado por cancelar o treino.
10) Alimentar-se adequadamente com moderação e dormir sempre no mesmo horário (ao menos na maioria dos dias da semana) e sete a oito horas de sono contínuo.
Uma rotina de alta qualidade é tão importante que o envolvimento com a atividade escolhida se tornará natural e promissor. Com isso, em um determinado período a pessoa começa a se interessar pelas informações e conhecimentos a respeito da atividade escolhida. Por exemplo, se andar de bicicleta foi o exercício escolhido, com o tempo a pessoa se torna ciclista (de fato), começa a entender de bicicleta como poucos, avalia equipamentos, aprende sobre métodos de treino etc.
Ao considerarmos a rotina regular de exercícios físicos como algo incorporado à vida, tem-se como resultado um grande aliado para tornar a vida melhor e duradoura.
O ser humano vive cada vez mais, mas, dar qualidade funcional há esses anos é um desafio individual. Em outras palavras, por mais que a ciência avance na tentativa de prolongar nossa existência, somente o indivíduo é capaz de providenciar a base para que a degradação de sua saúde seja a mais lenta possível. E isso tem um nome: exercício físico!
Para avaliar esse pensar basta lembrarmos que após os 40 anos de idade nosso corpo começa a substituir os músculos por gordura, em uma velocidade relativamente alta se não fizermos exercícios físicos e em pouco tempo seremos pessoas fracas. E isso é notado até mesmo no simples comprimento de aperto de mãos.
Além disso, as consequências emocionais e neurológicas também são intensas. Envelhecer sem a prática de exercícios físicos significa, entre outras coisas, promover distúrbios no humor, ns relações sociais (veja textos sobre estresse) e aumentar a velocidade da deterioração do cérebro (veja texto sobre exercício e cérebro).
Por outro lado, a prática de exercícios regulares gera um corpo mais forte, com equilíbrio sócioemocional mais oportuno e um cérebro mais resistente às possíveis demências surgidas com o passar dos muitos anos de vida.
Uma rotina de alta qualidade de exercícios físicos permite a formação de um estilo de vida a providenciar uma melhor harmonia entre a idade cronológica e a idade funcional. Em resumo é ficar mais velho sem sentir os efeitos dos anos de forma intensa. É ter, por exemplo, 60 anos, mas, um corpo a funcionar como uma pessoa de 45 anos.
Nada melhor para uma pessoa idosa quando ela mesma consegue realizar as atividades diárias com boa funcionalidade e sem depender de ninguém. Além disso, evita acidentes e participa melhor de seu meio social.
Em pesquisa realizada pela Unifesp em 2008, (Universidade Federal de São Paulo), nos 2.261 casos de fratura de fêmur em idosos na cidade de São Paulo, 93% foram causados por quedas. Possivelmente muitas dessas quedas poderiam ser evitadas se esses idosos fossem mais fortes e ágeis. Além disso, praticar exercícios físicos é mais eficaz do que investir em remédios e na adaptação de residências para o idoso conviver melhor.
Portanto, quando se estabelece uma rotina de prática de exercícios físicos (quando mais cedo melhor!), nós criamos um estilo de vida, que além de ser difícil de mudar, providencia uma velhice saudável e funcional. Além disso, um corpo esbelto, sem excesso de gordura, ágil, forte, etc. será uma consequência natural, a permitir o melhor usufruto da vida: viver bem!