por Anette Lewin
"Preciso que ele me ajude mais na organização da casa. Nós dois trabalhamos, estou grávida de cinco meses e ele não faz nada, nem lava o prato que come"
Resposta: A participação do marido nas tarefas caseiras ainda é um tema bastante polêmico em nossa sociedade.
Historicamente, mulheres, por gerarem seus filhos, acabaram ficando ao lado deles em ambientes mais protegidos que foram chamados de casas. Homens, por sua vez, assumiram a tarefa de provedores de alimentos e tudo o que fosse necessário para a sobrevivência da família. Isso, fora de casa, é claro.
Com a evolução dos tempos, mulheres e homens passaram a ser provedores e, consequentemente, tarefas caseiras tambem deveriam ser divididas. Mas não é assim que acontece na maioria das vezes. A queixa da nossa leitora é uma das mais frequentes.
Não podemos esquecer que mulheres, em geral, conseguem ser mais multitarefa do que homens. Assim, acumular funções foi sendo assumido por elas naturalmente, enquanto eles continuaram com a tarefa básica de prover e ponto.
É claro que depois de algum tempo, as mulheres começariam a contestar! Principalmente em tempos (ainda mais agora!) que empregados domésticos passaram a custar os olhos da cara.
Se você pretende ter a ajuda de seu marido nas tarefas de casa, vai precisar de muita paciência uma vez que ele foi "mal" acostumado. Pela evolução do cérebro dele e por você, não é?
Bem, com relação aos costumes ancestrais, nada pode ser feito; mas você pode tentar fazer alguma coisa para melhorar sua situação pessoal.
Passo-a-passo para dividir tarefas domésticas com o marido:
1º) Comece por delegar a ele pequenas tarefas. Uma de cada vez. Tente, ao invés de impor essa tarefa, perguntar a ele qual trabalho ele prefere: arrumar o quarto, cozinhar, limpar?
2º) Uma vez escolhida a tarefa vem a parte mais chata: cobrar! Sim, no começo você vai ter que cobrar muito. E aí vale mais o reforço pelo que ele fez certo do que a critica pelo que ele não fez ou fez de forma imperfeita.
3º) Tente introduzir na rotina caseira tarefas que possam ser compartilhadas. É possível, por exemplo, arrumar a casa a dois enquanto se ouve música; ou cozinhar a quatro mãos enquanto se conta as novidades do dia.
4º) Cuidado porém para que as tarefas sejam feitas literalmente em conjunto evitando transformá-lo simplesmente num executor de seus comandos. Afinal, quem executa comandos vai precisar ser eternamente comandado. E é exatamente disso que você se queixa: falta de iniciativa por parte dele.
5º) Para que ele se envolva, é necessário que o jeito dele fazer as coisas seja levado em consideração.
6º) Administre as diferenças na forma de executar as tarefas: Lembre-se que se, ao cozinhar, ele prefere sujar todas as louças para depois lavá-las, enquanto você acha que é muito mais prático ir limpando tudo na medida que vai sujando, é recomendável evitar ficar discutindo essas diferenças durante o trabalho de cozinhar. Se isso acontecer, cozinhar vai ser chato e ele se retirará para deixar você fazer as coisas do seu jeito. Por outro lado, se o processo transcorrer num ambiente cordial, cooperativo e prazeroso, a tendência é querer repetir esse momento. Afinal, vão-se as pias sujas e ficam as recordações de bons momentos.
7º) Tente aplicar esse raciocínio à chegada do bebê que você espera. Nada de monopolizar o bebê no começo para depois pedir ajuda. Envolva-o desde o começo para que ele sinta o bebê como parte da vida dele também!
Trabalhar em equipe certamente não é fácil. Mas somos seres sociais e, quanto mais cedo aprendermos a trocar o "eu" pelo "nós", mais facilmente conseguiremos entender que nossa forma de agir pode estar certa para nós, mas o outro também tem uma forma certa e muitas vezes criativa de resolver as coisas. E é dessa mescla de pessoas diferentes fazendo tarefas iguais, que nasce o espirito de família e a sensação de um convívio alegre, saudável e estimulante.