por Anette Lewin
"É possível resgatar o amor de alguém que no presente quer apenas um relacionamento casual, sem compromisso ou obrigações?"
Resposta: É interessante a formulação de sua pergunta associando a palavra"resgatar" à conquista amorosa.
Será que o amor se resgata ou se constrói?
A palavra resgate associa-se a algo que é libertado de uma situação de aprisionamento. Nesse sentido, quando você pergunta se é possível resgatar o amor de alguém que no presente quer um relacionamento casual, pode estar partindo do principio que essa pessoa no fundo a ama, mas o amor dessa pessoa está aprisionado, e pergunta se você pode conseguir liberar esse amor e canalizá-lo para você. Certo? Talvez…
É verdade que todos nós temos, embrionariamente, a capacidade de amar. Mas é necessário que essa capacidade seja trabalhada para que se transforme em amor. Assim como muitas sementes não germinam se não forem colocadas em solos apropriados, a capacidade de amar não se transformará em amor se não for trabalhada.
Assim, se de fato a pessoa à qual você se refere quer apenas um relacionamento casual, por ainda não ter desenvolvido a capacidade de amar, você pode tentar ajudá-lá a desenvolver esse embrião. Não seria, nesse caso resgatar um amor aprisionado, mas desenvolver um amor embrionário.
Lembre-se, porém, que isso dá trabalho e, muitas vezes querer não é poder! Avalie se você está preparada(o) para tentar quantas vezes forem necessárias e conseguir ouvir resilientemente (com autossuperação) todos os "nãos" mencionados sem ter vontade de sair correndo. Caso não se sinta pronta(o) para isso, melhor procurar alguém cuja semente do amor já chegou pelo menos à "adolescência".
Existem pessoas que desenvolveram sua capacidade de amar, entregaram-se a um ou vários relacionamentos e tiveram resultados desastrosos. São as pessoas amorosamente traumatizadas. Se a pessoa a que você se refere pertence a esse grupo, aí sim a palavra "resgate" talvez seja a que mais define o movimento que você teria que fazer para conquistá-la. Se for esse o caso, lembre-se que pessoas amorosamente traumatizadas tornam-se em geral mais fechadas do que pessoas amorosamente iniciantes. E transpor a barreira do trauma muitas vezes é tão difícil que só boa vontade e afeto não são suficientes; só especialistas podem ajudar.
É possível porém, que a pessoa com quem você está, se expresse de forma sincera e, realmente, queira você para um relacionamento eventual! Aí, cabe a você entender se esse tipo de experiência lhe acrescenta algo ou não.
4 questões para quem pensa em aprofundar o relacionamento:
1º) Estou madura(o) para um relacionamento mais aprofundado ou ainda preciso de mais vivência?
2º) Essa pessoa possui realmente características que eu aprecio?
3º) Estou gostando dela só por que ela é difícil?
4º) E principalmente perceba que, atualmente, muitos relacionamentos, embora não possam receber nomes tradicionais como namoro ou casamento, não deixam de ser intensos e inteiramente válidos durante a sua existência.