por Renato Miranda
Já escrevi algumas vezes que competição sem tensão não tem graça. Uma competição em que são baixos os níveis de tensão tende a gerar apatia entre os atletas e não envolver a plateia.
O problema é quando a tensão é exacerbada. Nesse caso, a aflição invade a mente do atleta, há ansiedade excessiva, a concentração é perturbada e o medo se instala na mente do atleta o que, consequentemente, acarreta outras reações negativas como o nervosismo, intranquilidade e falhas nas tomadas de decisões.
A importância em vencer (o valor que todos nós damos à vitória e, naturalmente a consagração), a preocupação com aqueles que possam frustrar esse desejo dos atletas, ou seja, os adversários e as projeções (expectativas) do rendimento é a origem do medo. O medo de perder!
O medo é uma emoção natural e procurar afastá-lo pode gerar uma força antagônica que só fará aumentar ainda mais esse sentimento. Por isso, aceitá-lo e transformá-lo em uma força própria é a melhor solução. Para isso é preciso saber as causas do medo e procurar solucionar todas as questões (as causas!) de origem do mesmo. Essas questões são primárias, próximas do atleta, mas ao mesmo tempo não são observadas com carinho.
Inicialmente o atleta deve se perguntar:
1) Treinei bem para essa competição?
2) Minha força psicofísica está mobilizada (melhor nível da capacidade física, mental e emocional)?
3) O desafio (competição) está em um nível compatível com meu potencial atlético geral?
4) Tenho consciência de meus limites?
A partir dessas questões e suas boas respostas o atleta começa a criar uma força de administração positiva do medo e passa a enfrentar a competição livre da ameaça dos resultados negativos e do medo das frustrações. Logo a seguir o atleta poderia construir sua estratégia pessoal para um ótimo desempenho. Essa estratégia se baseia nos seguintes passos:
Estratégia para bom desempenho
a) Liberdade da vitória: significa atuar esportivamente com todo o potencial em nível máximo e ao mesmo tempo não pensar em vencer como um exercício mental ou uma fixação, mas pensar na melhor maneira de executar a tarefa a ser feita a cada instante.
A vitória é uma consequência dos esforços e das circunstâncias competitivas. Muitas vezes o atleta tem de aceitar a superioridade do outro ou mesmo entender circunstâncias diversas que podem o afastar da vitória: erro da arbitragem, um lance fortuito, uma falha inesperada e outras contingências.
Por outro lado, uma derrota pode ser o alicerce fundamental para uma outra conquista ainda maior em um futuro próximo.
Um atleta livre é aquele que faz de tudo para ser o melhor, através de seu esforço com alegria em treinar e competir. Alem disso, se diverte mesmo em condições de grande esforço e pressão. Vencer é o que mais almejam os atletas de alto nível, todos sabem disso. Se for tão notório assim, vale o atleta perguntar: Por que pensar sobre algo que já sei? Pensar (para descobrir) o caminho que leva a vitória é o passo definitivo para atuar tranquilo, com a “mente limpa” e sem medo de se frustrar.
b) Força e relaxamento: Para ser forte diante do adversário e todas as circunstâncias que envolvem uma competição o atleta necessita estar relaxado para reunir com calma todas as suas forças, sem tensão excessiva e nervosismo. Observe (em qualquer esporte) como os grandes campeões demonstram serenidade e ao mesmo tempo uma combinação de força e velocidade (potência) máximas. Ademais, a expressão tão conhecida “força da mente” é o resultado de uma grande capacidade de concentração. E isso só é possível com uma boa condição de relaxamento. A manifestação de uma grande força é o produto de uma mente relaxada.
No próximo texto outras diretrizes somadas a essas formam uma ótima estratégia pessoal para a vitória sem medo.