por Edson Toledo
No texto anterior (veja aqui), falei sobre o estresse relacionado a fatos imaginários. Agora, focarei no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) e suas implicações para o estresse. À primeira vista, poderá parecer de difícil compreensão, mas garanto que não é.
Geralmente, reagimos com formas diferentes ao lidar com os diferentes tipos de estresse. Estratégias (confronto, luta e fuga) são usualmente desencadeadas na presença de um estressor ou ameaça controlável ou passível de escape, enquanto que as estratégias passivas (imobilidade) são ativadas se o estressor é incontrolável ou sem possibilidade de escape.
Estudos anatômicos sugerem que diferentes vias neurais mediam respostas emocionais passivas ou ativas. Estas estratégias ativas implicam em um aumento da atividade sensório-motora, vigilância e hiperatividade.
Também ocorrem mudanças circulatórias que incluem aumento da pressão arterial, taquicardia (aumento da frequência dos batimentos cardíacos). Em contraste, estratégias passivas normalmente evocam uma atitude de autopreservação com redução de reatividade e diminuição da frequência dos batimentos cardíacos.
Organismos mais primitivos aprendem automaticamente uma resposta após uma exposição ao perigo. Com a evolução do cérebro, surge o córtex que pode criar uma representação de perigo na forma de uma memória traumática.
O medo é uma resposta primitiva presente em todos os mamíferos. Evolucionistas concordam que parte da atividade mental humana é direcionada por sistemas cerebrais emocionais e motivacionais primitivos, compartilhados com outros animais.
O ser humano, por sua capacidade de pensar e prever, pode ter medos imaginários e expectativas que podem ser geradoras de extrema ansiedade. O nosso sistema de alarme pode disparar várias vezes no decorrer do dia por fatos que não necessariamente estão ocorrendo. Muitas vezes podemos agir como se estivéssemos de fugir de vários leões em um só dia.
Durante o estresse, o eixo HHA torna-se engajado na produção de cortisol (hormônio que ajuda a controlar o estresse) com consequente aumento da frequência cardíaca, pressão arterial e metabolismo.
A liberação aguda de cortisol durante o estresse é responsável pelo aumento da função cardiovascular… A elevação crônica do cortisol é, na maioria das vezes, deletéria, levando a uma resistência à insulina, deposição de gordura visceral, osteoporose…
O que podemos constatar é que o estresse continuado pode levar a uma série de doenças que estão associadas com a "civilização": doenças cardíacas (hipertensão nos níveis plasmáticos dos triglicérides e no colesterol), diabetes mellitus tipo 2, resistência à insulina, osteoporose, depressão, ansiedade e transtorno do pânico.
Uma pessoa estressada cronicamente pode apresentar sinais como: insônia, cansaço persistente, irritabilidade, dificuldades de memória, alterações da pressão arterial, queda da glicemia, avidez por doces e chocolates.
São sinais de alerta que devem ser prontamente cuidados.
*Mello AM, Mello MF, Carpenter LL, Price LW. Uma atualização sobre estresse e depressão: o papel do eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal. Ver Bras Psiquiatr. 2003;25(4):231-8.