Da Redação
A ingestão de nutrientes por jovens entre 14 e 18 anos moradores da cidade de São Paulo é insuficiente, aponta um estudo da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.
De acordo com a pesquisa, os 512 adolescentes avaliados apresentaram um consumo inadequado das vitaminas A, C e E, nutrientes que têm função antioxidante no organismo, e dos minerais fósforo, magnésio e cálcio, responsáveis pela manutenção da saúde óssea.
Se essa ingestão inadequada de nutrientes continuar a longo prazo poderá levar a um risco aumentado para o desenvolvimento de câncer, doença cardíaca e osteoporose. Entretanto, essa constatação não é motivo para a suplementação vitamínica e sim para a adoção de uma dieta equilibrada com a presença de frutas e vegetais”, aponta o nutricionista Eliseu Verly Junior.
A vitamina A é encontrada no brócolis, vegetais amarelos, como cenoura, e frutas, como mamão e manga, e no ovo; a vitamina C, em frutas cítricas; o fósforo, em carnes e leite; a vitamina E em óleos vegetais; o magnésio, em vegetais verde escuros; e a vitamina B6, no arroz integral, banana, ovos e carnes.
O pesquisador estudou o tema em seu mestrado Prevalência de inadequação da ingestão de nutrientes entre adolescentes do município de São Paulo, apresentado à FSP em dezembro de 2009. O trabalho foi realizado a partir de um estudo maior, denominado Inquérito de Saúde de São Paulo, realizado em 2003 pela FSP e Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) com apoio da Secretaria de Estado da Saúde, da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O inquérito foi realizado por meio da coleta de dados nos domicílios e avaliou o consumo de alimentos e as condições de saúde da população.
Renda e escolaridade
Com base na análise dos dados coletados e nas recomendações internacionais de consumo de vitaminas e minerais, o pesquisador constatou que a ingestão inadequada de nutrientes é maior em famílias cuja renda familiar per capita é inferior a um salário mínimo. Ao mesmo tempo, quando a renda é superior a um salário, Verly Junior observou uma menor ingestão inadequada de nutrientes.
Essa mesma tendência também foi observada quando o nutricionista analisou a escolaridade do chefe da família: quando esse apresentava até 8 anos de estudo, a ingestão inadequada de nutrientes pelos adolescentes era maior. E quando os anos de escolaridade eram superiores a 8 anos de estudo, diminuía o número de jovens com ingestão inadequada de nutrientes.
Também foi constatado no estudo uma elevada ingestão de sódio por 99% dos meninos e 86% das meninas. “O limite máximo de ingestão diária de sódio é de 2.300 miligramas, valor encontrado em 6 gramas de sal de cozinha. Apesar de essencial ao organismo, o consumo excessivo de sódio é prejudicial.”
No último mês de maio, foi publicado o artigo Variáveis socioeconômicas influenciam a prevalência de inadequação entre adolescentes: estudo de base populacional, na revista científica Public Health Nutrition, da Inglaterra. Além da autoria de Verly Junior, o texto teve a colaboração dos professores da FSP, Chester L. G. Cesar, do Departamento de Epidemiologia, e Regina Mara Fisberg e Dirce Maria Lobo Marchioni, ambas do Departamento de Nutrição. Este artigo é o primeiro estudo brasileiro publicado internacionalmente sobre o tema.
Fonte: Agência USP de Notícias
Imagem: Marcos Santos