por Elisa Kozasa
Hoje, 20 de julho, comemora-se o Dia do Amigo.
Quantos de nós lamentamos uma situação em que não tínhamos um amigo (daqueles de verdade, recíprocos), por perto. Ou quantos de nós ficamos aliviados de poder contar com um deles em uma situação bastante difícil.
Pode ser um conselho nos mostrando algo ou algum ponto de vista que não tínhamos enxergado até então; ou uma bronca bem dada, daquele tipo que só um amigo de verdade pode dar e depois ficar tudo bem; ou ainda um abraço apertaaaaaado e gostoso, ou simplesmente um sorriso de apoio!
Para isso, pode ser que um simples telefonema ou e-mail não seja suficiente. Aliás, telefonemas ou e-mails, ao menos pela minha experiência são horríveis nesses momentos, pois é difícil passar o que realmente está acontecendo por esses meios. Por e-mail, temos que encontrar as palavras corretas para expressar nossos sentimentos, e muitas pessoas não têm esse dom, podendo causar mal entendidos terríveis. Por telefone, é um pouco mais fácil, mas dependemos apenas de um sentido: a audição para tentar compreeender o que está acontecendo. Lendo um e-mail, podemos entender por exemplo, uma resposta escrita às pressas durante um intervalo de almoço, como uma falta de interesse pelo assunto enviado ou algo do gênero, ficando ainda mais magoados com a situação ocorrida.
Dessa maneira, nada como encontrar aquele amigo frente a frente, e neste caso, além de nossa habilidade em nos expressar por palavras certas e da capacidade de compreensão através da audição, contamos com a visão, importantíssima na espécie humana para compreender as expressões faciais e corporais. Sem contar o cheiro e o tato: como é reconfortante sentir aquele abraço! Num contato pessoal, o sabor do café ajuda a despertar nossa atenção, mas pode ser outra bebida agradável.
Pessoalmente, a partir dessa argumentação a favor de encontros reais e não virtuais, procuro jamais tratar de algo importante do aspecto emocional por e-mail ou telefone. Posso até introduzir esse problema por estas vias de comunicação, mas só para marcar um encontro frente a frente.
A importância de amigos próximos, que morem em nossa vizinhança, foi tratado em um artigo de *Fowler (professor da Universidade da Califórnia) e Christakis (professor da Universidade de Harvard) publicado recentemente, mostrando que, se eles estão felizes, podem nos fazer sentir mais felizes também.
Aliás, a conclusão do trabalho é a de que “a felicidade das pessoas depende da felicidade daqueles com os quais estão conectados”. Muitas vezes queremos nos achar auto-suficientes e independentes, em um ato de rebeldia dos tempos de adolescente. Não sei de onde tiramos este tipo de ilusão, pois é só se sentar à mesa e perceber que não poderíamos sequer nos alimentar se não fizéssemos parte de uma rede de produção da qual somos consumidores finais. Que não teríamos sobrevivido aos primeiros dias de vida se não tivéssemos tido cuidados especiais. E que nossa saúde mental e social pode depender de bons relacionamentos.
Dicas de leitura
*Fowler JH, Christakis NA. Dynamic spread of happiness in a large social network: longitudinal analysis over 20 years in the Framingham Heart Study. BMJ. 2008 4;337:a2338.