Por Júlia Gracioli
Estudo na Escola de Educação Física e Esportes de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP reforça o que já vem sendo observado no dia a dia dos idosos e na literatura científica.
Com o avanço da idade a capacidade funcional do idoso fica comprometida e afeta a marcha, a coordenação e o equilíbrio das pessoas, com aumento do risco de quedas e do medo de cair. Por outro lado, idoso ativo tem mais força, vitalidade, bom humor, capacidade funcional, autonomia e qualidade de vida.
A educadora física Roberta Abdala analisou um grupo de 35 mulheres, com idade entre 60 e 75 anos. Esse grupo foi dividido em dois segmentos: o das sedentárias, que não praticaram exercícios físicos no último ano; e o das ativas, que praticaram exercício físico, duas vezes por semana e fizeram exercícios gerais em formato de circuito. Algumas idosas ativas faziam também outros tipos de atividades, como hidroginástica e caminhada.
Foram analisados os parâmetros da marcha (caminhada) de cada idosa, como velocidade, cadência, comprimento do passo, tempo em duplo suporte (tempo gasto pela pessoa para dar o novo passo), e número de passos, todos coletados por meio de um tapete de cinco metros com sensores de pressão.
As idosas caminharam sobre o tapete em duas condições experimentais: velocidade preferida e maior velocidade possível. Foram realizadas três tentativas em cada condição de forma aleatória, totalizando seis tentativas.
As voluntárias também responderam a dois questionários, um para avaliar a aptidão física, e outro para avaliar a ocorrência e consequências das quedas.
Exercício físico como diversão
Para o professor Matheus Machado Gomes, orientador do estudo, os resultados significativamente melhores do grupo ativo mostram que praticar exercício físico na velhice é fundamental. “Minha dica é que as pessoas façam exercícios se divertindo, ganhando como brinde inúmeros benefícios para a saúde e a qualidade de vida como, por exemplo, a melhora da marcha relatada nesta pesquisa.”
O professor Gomes também fala da dificuldade para encontrar idosas sedentárias que estivessem dispostas a participar da pesquisa. “Para conseguir as 17 idosas sedentárias incluídas nesta pesquisa tivemos que convidar parentes, vizinhos, conhecidos e até parentes de graduandos da Escola. Parece que a dificuldade para o deslocamento, a falta de motivação para sair de casa e participar de algo desconhecido, além do receio de que não teriam bom desempenho nos testes eram os principais motivos para estas pessoas não participarem da pesquisa,” afirma.
Por outro lado, diz o orientador, foi fácil recrutar as idosas fisicamente ativas. “As idosas fisicamente ativas já frequentavam regularmente a Escola, como participantes de um projeto de exercícios físicos para idosos”.
Divulgada só agora, a pesquisa Padrão de marcha, prevalência de quedas e medo de cair em idosas ativas e sedentárias é resultado de projeto de iniciação científica de Roberta Abdala, graduada em 2014 na EEFERP, com orientação do professor Matheus Machado Gomes.
Fonte: Agência USP