por Nicole Witek
Na última semana, tive a oportunidade de visitar membros da minha família que eu diria estar na “quarta idade”: pessoas por volta dos oitenta e poucos anos. Fiquei muito pensativa e perplexa e gostaria de compartilhar minhas reflexões e pensamentos com você.
Quando as articulações enrijecem, quando se move ou movimenta-se menos, instalamos um estado no qual a cada ano reduzimos a nossa independência. Você concordará comigo: a independência é uma questão de vida e de morte.
O enrijecimento das articulações, as dores noturnas que podem até perturbar o sono, o sedentarismo são inimigos da nossa estrutura óssea, dos órgãos, das artérias, das veias, do coração e do cérebro.
Por essas razões e muitas outras, insisto em falar da manutenção da flexibilidade. Manter a flexibilidade da coluna vertebral e a amplitude das articulações quer dizer manter uma boa qualidade de vida e ter 'coringas' de primeira classe, para continuar na realização de todos os projetos.
Será a flexibilidade, a possibilidade de movimentar o corpo à vontade, o que fará a diferença entre um idoso e outro? Parece uma evidência, porém rapidamente percebo que as pessoas esquecem da manutenção da coluna vertebral e das articulações e preferem os recursos dos médicos e dos remédios.
Mesmo que não se consiga mais caminhar, ainda existe a possibilidade de praticar uma versão mais leve da saudação ao sol, que seu professor de yoga pode ensinar-lhe. E na falta do professor, posso convidar-lhe para uma sequência de movimentos conscientes como um meio de movimentar-se, que serão suficientes se forem regulares.
Aqui está uma pequena série durante a qual será indispensável manter a atenção focada, sem desviar para nada. Lembre-se que a atenção concentrada multiplica por 100, por 1000 os efeitos benéficos das práticas.
Exercícios para manter a flexibilidade
Permanecendo sentado na cadeira, vamos para uma sequência fácil que pode ser praticada por todos:
Para a flexibilidade da coluna vertebral
Esvaziando o ar dos pulmões pelas narinas, encolha o ventre, querendo “colar” o umbigo ao encosto da cadeira, abra o espaço entre as escápulas, e “cole” o queixo ao peito. Quando não tiver mais ar nos pulmões, encolha um pouco mais o ventre para dentro.
Libere o ventre para permitir a inspiração, cavando a região da cintura, juntando as escápulas uma na direção da outra e colocando o queixo paralelo ao chão.
Para a flexibilidade da articulação coxofemoral
Esvaziando o ar dos pulmões pelas narinas, pressione o joelho direito em direção ao peito, mantenha o joelho pressionado enquanto você respira calma e tranquilamente durante 60 segundos.
Desfaça a posição e troque de lado, se for possível, coloque o calcanhar na cadeira.
Para a flexibilidade dos ombros
Entrelace os dedos, palmas das mãos na direção do corpo e estique os braços na sua frente, esvaziando o ar pelas narinas, coloque as palmas das mãos para frente. Inspire para voltar à posição inicial.
Repita 6 vezes len-ta-men-te, coordenando com a respiração.
A mesma prática será feita também 6 vezes, só que desta vez, elevando os braços por cima da cabeça, tentando abaixar as escápulas em direção ao chão, e elevando o topo da cabeça para cima, em direção ao teto com objetivo de deixar a sua coluna vertebral o mais comprida que for possível, como se você quisesse unir com sua coluna vertebral o assento ao teto.
Para a flexibilidade geral do corpo
Sentado na cadeira, pés paralelos apoiados no chão ou sobre uma almofada, se os pés não alcançarem o chão, o braço esquerdo pendente por cima do encosto da cadeira, com a mão direita agarrando o encosto da cadeira perto da axila esquerda, numa expiração, quando o ar sai dos pulmões pelas narinas, faça uma alavanca com a mão direita para torcer o corpo para a esquerda. Olhe para trás, libere a respiração, permaneça um longo minuto tranquilamente respirando, torcendo um pouco mais o tronco a cada expiração.
Volte lentamente e prepare-se para fazer a mesma prática do outro lado.
Final
Volte para o centro lentamente, una as mãos na frente do corpo, descansando, e coloque-se como observador de sua respiração, pálpebras cerradas, leves, olhando, por baixo das pálpebras fechadas, um ponto imaginário entre os olhos, e mantenha a emoção firme desse momento mágico onde você cumpriu uma rotina que deixará seu corpo flexível e em perfeita saúde.
Permaneça um bom momento até que essa atmosfera que você criou se apague lentamente…
Desejo a você uma longa vida em perfeita saúde e total independência!
*A escápula ou omoplata é um osso grande, par e chato, localizado na porção postero-superior do tórax