por Elisa Kozasa
Nesta semana, algumas pessoas conversaram comigo sobre ansiedade e se eu tinha algum “coelho na cartola” para resolver o problema. Antes de mais nada, gosto sempre de enfatizar que não conheço ninguém que não tenha algum nível de ansiedade e que ela é, sem dúvida nenhuma, uma benção, desde que em certa intensidade. É a ansiedade que dá aquele colorido para os momentos de nossa vida: esperar o Papai Noel na véspera de Natal; ficar pensando como será o dia do primeiro beijo romântico; aguardar as férias para aquela viagem “super” com os amigos.
Por outro lado, há outros tipos de exemplos de situações relacionadas à ansiedade, ligados a situações adversas: a empresa está em crise e e vem o medo de ser o próximo demitido. Esse relacionamento não anda bem e será que ele deve terminar? A minha saúde não anda bem e será que os exames vão mostrar algo grave?
Nesses últimos exemplos, a ansiedade costuma ser companheira de sintomas de estresse e também da depressão. E todos já vivenciamos situações desse tipo. Creio que a grande questão quando falamos sobre isto é: ou procuramos no dia a dia aprender a manejar estes sentimentos ou vamos precisar de ajuda profissional e talvez até mesmo medicamentosa para enfrentar as condições de crise quando elas se instalarem em nossas vidas. Aliás, pode ser que mesmo procurando trabalhar nossas emoções no dia a dia, precisemos em uma situação excepcional, de ajuda profissional.
O centro da questão é que não é possível nem desejável eliminar a ansiedade, mas sim aprender a deixá-la em um nível que não perturbe nossas atividades cotidianas. E para isso não existe fórmula ideal e muito menos universal. Mas, para muitas pessoas que têm experimentado o yoga, esse parece ser um caminho interessante.
Em meu doutorado, observei que em especial, para redução de sintomas de ansiedade, os exercícios respiratórios de uma sequência de yoga (pranayamas) trazem bons resultados. Recentemente, uma revisão publicada no Annals of The New York Academy of Sciences, mostrou a importância desses exercícios respiratórios não apenas para redução de sintomas de ansiedade, mas também para aqueles de estresse pós-traumático (aquele que pode se instalar após uma situação de violência por exemplo), dentre outros.
De qualquer maneira, esses exercícios requerem prática regular para que seus efeitos se façam notar na vida de uma pessoa. Não é uma pílula mágica que engolimos para nos sentirmos bem. Posso até dizer que exige um esforço pessoal e dedicação, mas os benefícios que se fazem notar na saúde física e mental valem a pena, de acordo com inúmeros estudos nessa área que têm sido conduzidos.
Dicas de leitura:
Brown RP, Gerbarg PL.Yoga breathing, meditation, and longevity. Ann N Y Acad Sci. 2009;1172:54-62.
Kozasa EH, Santos RF, Rueda AD, Benedito-Silva AA, De Ornellas FL, Leite JR. Evaluation of Siddha Samadhi Yoga for anxiety and depression symptoms: a preliminary study. Psychol Rep. 2008;103(1):271-4.