por Gilberto Coutinho
Para o Samkhya, uma das seis escolas clássicas de pensamento da antiga Índia, o prana (princípio da vida ou bioenergia) é a primeira manifestação de Shakti (aspecto feminino da energia cósmica criadora) e divide-se em três categorias:
(1) Pancha Maha Prâna Vayus (Os Cinco Grandes Pranas: Prana, Apana, Samana, Udhana e Vyana);
(2) Pancha Upa Prâna Vayus (Os Cinco Pequenos Pranas: Naga, Kurma, Devadatta, Krikara e Dhananjaya);
(3) Prâna Vahaka.
Vata é o *dosha que mais facilmente se desequilibra. Segundo a Medicina Indiana Ayurveda, os três doshas Vata, Pitta e Kapha subdividem-se em cinco subgrupos ou subdoshas.
Pranayama ou exercícios de respiração
Pranayama para harmonizar o Prana Vata ou Vayu
Sentado, com as pernas cruzadas e a coluna alinhada, inspirar de forma lenta e profunda pelas narinas; durante a inspiração, mentalizar uma luz clara e bela penetrando por todos os orifícios da cabeça (nariz, ouvido, boca e canais lacrimais) e através de seu topo, região do Sahasrara Chakra. Reter o ar nos pulmões por alguns instantes e imaginar essa luz espalhando-se pelo cérebro e nutrindo-o. Durante a expiração, visualizar uma luz prateada sair pelo Ajña Chakra, centro psicoenergético localizado no espaço entre as sobrancelhas. Repetir o procedimento 10 vezes. Pode-se fazê-lo de forma preventiva e para o fortalecimento dos órgãos dos sentidos.
Prâna Vata é a força vital que anima o corpo.
Conecta a pessoa ao seu "eu" superior. Polaridade: positiva. Sede: região da cabeça até o peito, coração, pulmões, toda a cabeça, cérebro, nariz, garganta, língua e boca. Movimento: de fora para dentro do corpo e vice-versa. Funções fisiológicas: responsável por todos os tipos de percepção e de movimento relacionados a seus sítios (locais) de ação. Governa as atividades cerebrais relacionadas às percepções dos estímulos sensoriais dos cinco sentidos. Rege a vigília, a mente (funções psíquicas), a inteligência, o pensamento, o raciocínio, a atenção, o sentir, as emoções e a recordação. Quando em harmonia, Prâna Vata confere à mente vivacidade, atenção, clareza de pensamento e contentamento. Controla também as funções do coração, dos pulmões (a respiração), o ritmo respiratório, a salivação, a deglutição (ajuda a conduzir o alimento até o estômago), o espirro, a expectoração e o bocejo. Os yogues dão atenção especial à harmonia do Prâna Vata, assim como à dos demais subprânas.
Pranayama para harmonizar o Udhana Vata ou Vayu
Sentado, com as pernas cruzadas e a coluna alinhada, inspirar de forma lenta e profunda pela boca e visualizar o prâna (a bioenergia) entrar no organismo na forma de uma luz clara e bela. Reter o ar nos pulmões por alguns instantes, visualizando-se uma circunferência de luz azul intenso dentro da garganta, região do Vishuddha Chakra. Expirar lentamente pela boca enquanto se pronuncia mentalmente o mantra OM. Repetir 10 vezes.
Udhana Vata atua junto com o Prana Vata. Polaridade: negativa.
Sede: peito, pulmões e garganta (laringe). Movimento: move-se da base dos pulmões para cima e do interior para o exterior (expiração). Funções fisiológicas: rege a fala (as cordas vocais), o canto, a língua, os lábios, a deglutição, a laringe, a faringe, as glândulas tireóide e paratireóide, o entusiasmo, a vitalidade, os esforços, a capacidade de trabalho, a compleição física, o raciocínio e a memória.
Pranayama para harmonizar o Samana Vata ou Vayu
Indicado para fortalecer a mente e o corpo e combater suas disfunções. Sentado, com as pernas cruzadas e a coluna alinhada, pensar na energia que envolve e sustenta todo o universo. Inspirar de forma lenta e profunda; mentalizar essa energia cósmica e da natureza penetrar o organismo através do umbigo, região do Manipura Chakra. Reter o ar nos pulmões durante alguns instantes, mentalizar essa energia transformando-se numa grande massa incandescente na região da sede de samana vayu (região do estômago e intestino delgado). Ao expirar, visualizar luzes multicoloridas na forma de espiral que se originam da massa incandescente, que passam a nutrir e a revitalizar cada célula do corpo, especialmente as células do coração e cérebro. Repetir 10 vezes.
Samana Vata é a energia nervosa responsável pela digestão (centelha que dá início à digestão). Polaridade: positiva.
Sede: estômago e intestino delgado. Movimento: da periferia para o centro, atua como força de atração centrípeta. Funções fisiológicas: regula as secreções do suco gástrico, auxiliando a digestão e o metabolismo; controla o ritmo **peristáltico; retém o alimento no estômago e nos intestinos durante o tempo necessário; separa a essência dos alimentos (nutrientes), para a absorção, e os restos (excretas), para a eliminação; controla os esfíncteres do trato digestivo; empurra as fezes em direção ao reto; integra a consciência com o corpo físico e propicia percepção corporal.
Pranayama para harmonizar o Vyana Vata ou Vayu
Estando de pé e com os membros superiores relaxados ao longo do corpo, inspirar de forma lenta e profunda; à medida em que se elevam os membros superiores esticados, até que fiquem paralelos ao chão, mentalizar o prâna penetrar no corpo pelo centro do peito, região do Anahata Chakra, na forma de luz laranja. Durante a retenção do ar nos pulmões por alguns instantes, mentalizar essa luz espalhando-se por todos os músculos e ossos do corpo. Ao expirar, lentamente, mentalizar essa luz sair do corpo pela suas extremidades (cabeça, membros superiores e inferiores). Repetir 10 vezes.
Vyana Vata nasce no coração e integra todas as partes do corpo. Polaridade: neutra.
Sede: coração, sistema nervoso e circulatório e pele. Movimento: move-se velozmente por todo o corpo, do centro para a periferia. Funções fisiológicas: rege o ritmo cardíaco, a circulação sangüínea e linfática, a dilatação e contração dos vasos sangüíneos; impulsiona o sangue rico em oxigênio e nutrientes para nutrir os tecidos do corpo; a pressão arterial; responsável pelos movimentos dos membros (superiores e inferiores), pelo sentido tátil, pelo abrir e fechar dos olhos e pela marcha (o andar) e transporta os impulsos aferentes dos órgãos dos sentidos ao cérebro. Conduz o suor para fora do corpo, o sêmen para dentro da cavidade vaginal e mantém limpo os canais do corpo.
Pranayama para harmonizar o Apana Vata ou Vayu
Estando de pé, mentalizar o prâna (a bioenergia) penetrar o organismo pelas narinas e descer pela coluna vertebral e acumular-se na região pélvica, região do Swadhishthana Chakra. Ao reter o ar nos pulmões por alguns instantes, mentalizar a massa de luz transformando-se em um triângulo de cor azul escuro com o vértice voltado para baixo. Durante a expiração, a massa azul se dissolve, desce para os membros inferiores, sai do corpo pelas plantas dos pés e se espalha pela terra. Nesse momento, mentalizar as toxinas físicas e mentais saírem do corpo e se dissolverem na terra. Repetir 10 vezes.
Apana Vata integra o corpo com o mundo exterior. É o sustentáculo de todos os outros Vatas. Polaridade: negativa.
Sede: pélvis, intestino grosso e ânus. Movimento: move-se para baixo e para fora do corpo, em direção a pélvis, quadris, bexiga, testículos, pênis, região umbilical, virilhas e coxas. Espalha-se por toda a região pélvica, bexiga, genitais e coxas. Funções fisiológicas: desintegrar e expelir; expira o ar inalado, após a troca gasosa; expele o que não foi aproveitado dos alimentos ingeridos e digeridos; rege as atividades excretoras: urina, fezes, gases, suor, menstruação e ejaculação. Conduz para fora o sêmen, a menstruação, a urina e as fezes. É responsável pelas dores e contrações do parto. Durante o oitavo mês de gestação, a mulher deve praticar diariamente esse pránáyáma para fortalecê-lo. Deve-se tratar o Apana Vata para que sejam tratados os demais prânas.
*Dosha é a caracterização do perfil biológico do indivíduo, de acordo com o ayurveda. Existem três doshas: Vata, Pitta e Kapha, sendo que cada um apresenta suas determinadas características. Todas as pessoas possuem os três doshas, mas em proporções variadas. Eventualmente, há excesso ou carência de um dos três doshas, o que constitui um desequilíbrio, que pode originar uma doença.
**Movimentos peristálticos são movimentos involuntários que empurram o alimento
Fonte Wikipédia