por Jocelem Salgado
O friozinho chegou! Que delícia! E nada melhor para esquentar do que um chá. Nessa época o que não faltam são as opções e hoje iremos falar um pouco mais sobre um rizoma, muito conhecido e que dá um chá pra lá de gostoso: o gengibre.
Ao contrário do que muitos imaginam, o gengibre não é uma raiz, mas sim um rizoma (um tubérculo como a batata) com caules retorcidos.
Originário das florestas tropicais, do Sudoeste da Ásia, hoje é cultivado nas Antilhas, Havaí, África, Austrália, e no Brasil. No nosso pais, o gengibre chegou menos de um século após o descobrimento. Naturalistas que visitavam o país achavam que se tratava de uma palavra nativa, pois era comum encontrá-la em estado silvestre. Inicialmente os indígenas colocaram o nome de mangaratiã ou magarataia. Hoje, o gengibre é cultivado principalmente na faixa litorânea do Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná e no sul de São Paulo, em razão das condições de clima e de solo mais adequadas.
O gengibre tem sido cultivado há milhares de anos como especiaria e para fins medicinais. Quanto a sua composição, os compostos do gengibre podem ser divididos em dois grupos diferentes: os voláteis e os não voláteis, sendo estes últimos os responsáveis pelo sabor e cheiro característico do gengibre. Dentre os compostos não voláteis o que mais se destaca é o zingerone, uma vez que esse é o responsável pelo sabor picante desse rizoma. Já os principais compostos não voláteis são os gingeróis, soagóis e paradóis.
Devido à sua riqueza em compostos biologicamente ativos o gengibre possui inúmeros benefícios à saúde. A sua principal função é a de reduzir problemas gastrointestinais, como náuseas, dores de estômago, diarreia, vômitos e úlceras gástricas. No entanto, estudos recentes têm comprovado a cada ano seu potencial antioxidante, anti-inflamatório, antidiabético e anticancerígeno.
Como podemos observar, benefícios não faltam ao consumo do gengibre. Mas hoje, vou relatar um estudo muito interessante que foi recentemente publicado: a união do gengibre e da doxorrubicina (medicamento de uso injetável indicado para o tratamento de diversos tipos de câncer) no câncer de mama.
Câncer de mama
O câncer de mama é um dos mais prevalentes cânceres com uma alta taxa de mortalidade em todo o mundo. No Brasil, é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 28% dos casos novos a cada ano.
O câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença. Em 2016, estimou-se cerca de 57.960 (INCA) casos novos de câncer de mama, com um risco estimado de 56,20 casos a cada 100 mil mulheres.
A doxorrubicina é o principal quimioterápico utilizado no tratamento do câncer de mama. No entanto, assim como outros quimioterápicos, este apresenta inúmeros efeitos adversos ao paciente. Por esse motivo, a busca por produtos naturais que auxiliem na redução desses sintomas indesejáveis e ajudem ainda a aumentar o potencial da quimioterapia são muito procurados. E foi exatamente isso que foi descoberto com o gengibre.
Os estudos apontaram que os animais que foram tratados com extrato de gengibre e com a doxorrubicina apresentaram aumento na contagem das células apoptóticas, ou seja, células que estavam em processo de morte. Além disso, esses animais apresentaram também aumento na expressão de proteínas que auxiliam na inibição da proliferação das células tumorais.
Diante desses fatos, os pesquisadores observaram que o tratamento dos animais com ambos extratos de gengibre e doxorrubicina mostrou uma maior eficácia contra o câncer do que o tratamento somente com o medicamento. Sendo assim o uso de extrato de gengibre como terapia complementar com o quimioterápico pode aumentar seus efeitos citotóxicos através de diferentes mecanismos moleculares.
É claro que muitos estudos ainda precisam ser realizados para comprovar esses benefícios em humanos, além de definir as doses seguras de sua ingestão. No entanto, como falamos anteriormente, o gengibre possui inúmeros benefícios que podem ser adquiridos com o consumo do seu chá. Então, não perca tempo e para se aquecer nesse clima gostoso, inclua esse chá na sua rotina.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracteriza como sendo um atendimento.