por Roberto Goldkorn
Um grande amigo acabou de sofrer uma tentativa de assalto nas ruas de São Paulo. O criminoso só não foi bem-sucedido porque se deparou com um carro blindado. Mas deixou seu dejeto asqueroso na mente do meu amigo em forma de medo e apreensão. Como todo predador oportunista, ele logo percebeu a dificuldade e passou para o seguinte que talvez fosse uma presa mais fácil.
Não há níveis de proteção absolutamente seguros para quem circula hoje nas grandes cidades do Brasil. Mesmo a blindagem poderia ceder se o bandido insistisse em atirar repetidamente no mesmo ponto.
Por isso todos os dias faço a minha blindagem espiritual. Através da oração e da invocação das energias inteligentes com as quais estabeleci afinidades (ou elas comigo) uso a força da palavra e a repetição para diariamente agradecer e reforçar a sua convocação. Todos os dias peço para que essas energias estejam conosco e de prontidão. Diferente de um carro blindado onde posso ver a proteção, na blindagem espiritual, só posso sentir uma dimensão subjetiva que depende de fé e da soma dos resultados observáveis ao longo do tempo.
Acreditar é preciso, ser um pouco louco idem, ter fé é claro, mas nada disso me isenta de estar alerta e de trabalhar duro no sentido de obter minha segurança. Não sou daqueles místicos que entrega tudo à divindade e sai pelo meio da rua em transe acreditando que não será atropelado porque "Deus está com ele". Sou adepto da máxima: Orai e vigiai.
A oração feita sistematicamente (não se trata apenas de "Pais Nossos" ou "Ave Marias", mas uma oração exclusiva feita para a sua necessidade, com as suas palavras e com o seu coração) não tem apenas uma função transcendental, mas age de igual modo no nível psíquico.
A oração de agradecimento pela sua proteção, programa a sua mente profunda nesse patamar de confiança: os subprogramas de medo, culpa, autopunição são banidos e só a fé em uma proteção superior habita, pulsa e se irradia.
Lembro-me de uma história que me foi relatada por uma cliente há muitos anos. Ela praticava ioga e era devota de arcanjo Miguel. Um dia procurou um jardim público, cheio de árvores com um paisagismo lindo e encontrou um canto recolhido para fazer suas meditações e exercícios.
De repente ela sentiu uma mão forte agarrando-a pelo ombro e se assustou. Virou-se e viu um homem enorme tentando arrancar sua blusa. Ela entrou em pânico e correu. O sujeito a alcançou rapidamente e apertou seu pescoço para que ela não gritasse. Num último esforço ela conseguiu dizer: "Valha-me São Miguel Arcanjo!
O homem ainda tentou sufocá-la por alguns segundos quando de repente ela viu seus olhos arregalarem-se mirando ligeiramente acima de sua cabeça, numa expressão de terror. O homem soltou seu pescoço e com a boca aberta como se fosse soltar um grito virou-se e saiu correndo, tropeçando nas próprias calças que já estavam abaixadas. Ainda assustada, ela olhou para trás na tentativa de ver o que havia apavorado tanto aquele homenzarrão. Nada. Havia apenas a copa das árvores e a brisa suave da manhã.
O poder da palavra dita de uma determinada forma, é imenso e ainda estamos longe de decifrar seu alcance tanto no ponto de vista espiritual quanto do psicológico.
Para os tempos de alta insegurança que vivemos, a blindagem através da oração sistemática é fundamental para uma vida mais saudável e mais serena. Mas se puder blinde também o seu carro.