Facebook tem nova ferramenta para prevenção de suicídio

por Ana Luiza Mano – psicóloga componente do NPPI

Hoje em dia é possível encontrar de tudo nas redes sociais, pois elas se tornaram locais onde cada vez mais se compartilham informações, desde notícias interessantes, vídeos de animais fazendo coisas engraçadas, até opiniões e discursos políticos, bem como declarações espontâneas sobre questões e sentimentos íntimos.

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Com quase 1.4 bilhões de usuários, o potencial de alcance do Facebook, a maior rede social na atualidade, é muito alto. Este é um local onde se pode encontrar pessoas online 24 horas por dia, 7 dias por semana. Pensando nisso, a empresa decidiu inserir, a partir de fevereiro de 2015, um novo recurso bastante interessante, e que pode ser de grande utilidade em alguns casos: uma ferramenta visando a prevenção de suicídio, que é acessível tanto via computadores desktop quanto por meio de aparelhos celulares. O recurso foi desenvolvido através de uma colaboração entre pesquisadores do Facebook e uma organização interdisciplinar da Escola de Serviço Social da Universidade de Washington, denominada Forefront: Innovations in Suicide Prevention (http://www.intheforefront.org).

Funciona da seguinte maneira: se um amigo faz uma postagem com um conteúdo que sugere uma intenção suicida, é possível clicar na lateral direita desse post e escolher a opção "Eu não gostei dessa publicação". A seguir, se abrirá uma tela onde se pode selecionar o motivo desse desagrado, no caso, a opção "Acredito que não deveria estar no Facebook". Na próxima tela que aparecerá, deve-se escolher a opção "É ameaçador, violento ou suicida", e então na tela seguinte, "Conteúdo suicida". Neste momento, surgirão algumas alternativas sobre o que é possível fazer a seguir (segue o texto na forma que consta no Facebook):

O que você pode fazer:

Se seu amigo estiver em perigo físico, entre em contato com uma autoridade local imediatamente.

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Se você acha que devemos ser informados sobre esta publicação, gostaríamos de dar uma olhada nela o mais breve possível e oferecer suporte a Fulano. Seu nome não será divulgado.

O post será revisado pelo Facebook, e se houver constatação de que a pessoa que o escreveu está de fato numa situação de "risco de suicídio", na próxima vez que a mesma fizer login na rede social, aparecerá automaticamente uma tela com sugestões de como obter ajuda, que somente esse usuário poderá visualizar, e ninguém mais. De acordo com as opções que o indivíduo for selecionando, novas telas irão surgindo com diversas recomendações, como conversar com um amigo, parente, ou mesmo um profissional da área da saúde.

Um dos recursos disponíveis para sugerir estratégias de como lidar com essa questão está em inglês, (até o momento não há confirmação de que haja disponibilidade para o público brasileiro), e consiste numa tela onde o usuário pode visualizar vídeos de um projeto online da Forefront apresentando histórias reais, contadas por usuários do Facebook que tiveram pensamentos suicidas e conseguiram superá-los.

O mais interessante dessa nova ferramenta é a possibilidade de obter ajuda não somente para a pessoa que está vivendo esse momento difícil, mas também fornecer suporte para a família e amigos desse usuário. A morte ainda é um tabu muito forte na cultura ocidental, não sendo muito comum abordá-la como assunto corriqueiro. Por vezes, pessoas próximas a alguém com pensamentos suicidas não sabem como conversar sobre a questão com seu ente querido, nem como se comportar de maneira geral, e podem até ter receio de piorar as coisas com algum comentário, o que resulta numa atitude de omissão. Por isso, é tão importante que as redes sociais estejam atentas a possíveis maneiras de amparar seus usuários, tanto para quem sofre, quanto para quem pode socorrê-los de alguma forma.

Com esse novo recurso, qualquer pessoa que esteja na lista de contatos de um usuário da rede social pode iniciar o processo de assistência, seja a um colega de trabalho, a um parente ou amigo que lhe cause apreensão. É possível então, que qualquer indivíduo, mesmo sem possuir nenhum título de especialista, auxilie alguém a buscar um atendimento profissional ou dê apoio de outras formas. O suporte inicial de amigos e parentes é fundamental na prevenção do suicídio. Em linhas gerais, essa ferramenta do Facebook oferece uma ótima oportunidade de utilizar as redes sociais para algo importante, benéfico, e que pode salvar vidas.

No Brasil, também é possível entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) em momentos de crise. O atendimento pode ser feito através de chat, Skype ou telefone. Mais informações podem ser encontradas no site http://cvv.org.br.

Segue uma lista de sinais que demonstram possíveis pensamentos suicidas, retirada e traduzida do site do Canal de Prevenção Nacional de Suicídio nos E.U.A. (National Suicide Prevention Lifeline) (http://www.suicidepreventionlifeline.org/gethelp.aspx).

Pensamentos e ideias suicidas:

– Falar sobre querer morrer ou se matar.
– Procurar uma maneira de se matar.
– Falar sobre o estar sem esperanças ou não ter nenhuma razão para viver.
– Falar sobre sentir-se preso ou com dor insuportável.
– Falar sobre ser um fardo para os outros.
– Aumentar o uso de álcool ou drogas.
– Agir de maneira ansiosa e inquieta, comportando-se de forma imprudente.
– Dormir pouco ou muito.
– Retirar-se do convívio social ou sentir-se isolado.
– Mostrar raiva ou falar sobre busca de vingança.
– Demonstrar oscilações extremas de humor.

Para saber mais sobre o novo recurso do Facebook, acesse os links abaixo (em inglês):

http://www.washington.edu/news/2015/02/25/forefront-and-facebook-launch-suicide-prevention-effort/
http://www.huffingtonpost.com/2015/02/25/facebook-suicide-prevention_n_6754106.html?ncid=fcbklnkushpmg00000063