por Elisandra Vilella G. Sé
A interação entre emoção e aprendizagem é importante para educadores entenderem como se dá a construção do conhecimento ao longo da vida.
A aprendizagem é uma experiência primordial, pois através dela nos engajamos em novas ideias, adquirimos novos comportamentos, sabemos de fatos e princípios a serem aplicados durante a vida. Essa busca de informação é contínua e dá um sentido a todas as circunstâncias vividas. Nenhuma experiência de aprendizado é isolada na vida, muitas vezes é associada às emoções.
As emoções servem como guias de cognição e ajudam as pessoas a tomarem decisões todos os dias. Um rosto triste, bravo, “carrancudo” ou uma pessoa chorando, alegre e rindo nos dão pistas sobre diferentes comportamentos e o que pode estar afetando aquela pessoa naquele momento.
Nossas experiências são moldadas pelas emoções. É assim que se aprende a ficar algere numa festa, consolar um amigo triste, mostrar preocupação numa situação deseperadora, uma ansiedade antes de uma prova, etc..
Na educação de adultos e idosos as emoções são importantes e podem impedir ou motivar a aprendizagem. A emoção desempenha um papel crítico na construção de sentido e conhecimento de si no processo de aprender. As emoções alteram padrões cognitivos, modificam comportamentos, reações frente ao aprendizado na vida adulta, muito mais do que na juventude, afetando a experiência de como os adultos aprendem.
As emoções fazem a diferença na aprendizagem por causa do processo de autorregulação do comportamento que vai dar o equilíbrio entre assimiliação e acomodação. Como já postulava Piaget (1970): a pessoa acumula conhecimentos, experiências e se adapata a novas experiências por meio de um incentivo, e assim, desenvolve novos comportamentos. Os estímulos são recebidos, interpretados e ajudam a construir novas ideias sobre a realidade.
As ideias são formadas internamente e são montadas as estruturas mentais que representam algum aspecto do mundo. As pessoas usam essas estruturas mentais para organizar os conhecimentos e ter uma compreensão do mundo à sua volta. Portanto, condições sociais, físicas e emocionais estão constantemente mudando. A nossa mente muda a todo momento. As verdades se modificam a todo momento. Quando você vê, já mudou. Por isso, estamos contantemente aprendendo e nos modificando.
O idoso aprende sempre e percebe o que não sabe e é preciso aprender. A aprendizagem ganha valor em relação às experiências vividas e em relação à construção da realidade feita por cada um. A aprendizagem é vista como sobrevivência, já que ressalta a importância dos comportamentos adaptativos.
Dessa forma, no processo educacional de adultos e idosos é necessário que os educadores compreendam o profundo mundo interno dos alunos para que eles alcancem a aprendizagem efetiva. As emoções surgem a partir dos processos biológicos, do processamento de informações, da interação social, do ambiente físico e do contexto vivenciado.
Biologicamente a emoção afeta a mente. Nosso cérebro é projetado para processar, armazenar e agir sobre as informações recebidas de todo tipo: estímulos externos e internos. As respostas emocionais guiam a estrutura do cérebro chamada amígdala (que fica na região medial do cérebro, no sistema límbico). Por isso, seres humanos agem emocionalmente antes que ocorra a consciência das emoções; reagimos diante de um acontecimento sem saber que estamos reagindo. As emoções ocorrem muito rapidamente.
Pesquisadores da área da cognição e envelhecimento estudam como os idosos reagem cognitivamente às experiências de aprendizado quando confrontados a novos desafios em sala de aula e como ocorre a expressão da emoção no momento de aprendizagem na velhice.
Algumas emoções têm um efeito positivo na aprendizagem, e outras podem bloquear o processo de aprendizagem. Segundo Perry (2006), a lembrança de emoções negativas faz com que os idosos evitem determinados assuntos e se sintam vulneráveis. As emoções também influenciam a autoestima e a autoconfiança dos adultos no momento de aprendizagem.
É importante que os educadores possam usar o poder das emoções para desenvolver a melhor forma de aprender ao longo da vida. A liberdade de aprender é fortemente influenciada pelo poder das emoções experimentadas por todo a vida, e os professores de idosos precisam ter esse conhecimento. A aprendizagem significativa ocorre quando as emoções têm efeito positivo nesse processo.
Enfim, viver é uma atividade mental.
Fonte: Shuck, B., Albornoz, C., & Winberg, M. (2007). Emotions and their effect on adult learning: A constructivist perspective. In: S. M. Nielsen & M. S. Plakhotnik (Eds.), Proceedings of the Sixth Annual College of Education Research Conference: Urban and International Education Section (pp. 108-113).