por Anette Lewin
"Tenho um casamento estável, com muito afeto e respeito. Mas ultimamente faço sexo virtual com outros homens. Gostaria de saber como lidar com a sensação de estar traindo, porque só faço virtualmente, nunca faria fisicamente."
Resposta: Um casamento estável e respeitoso nem sempre supre todas as necessidades afetivas da pessoa. Existem pessoas que necessitam de mobilização, coisa que casamentos estáveis deixam de proporcionar depois de algum tempo. No seu caso, encontrar essa mobilização no sexo virtual a deixa confusa moralmente falando.
Bem, o que é a traição e quais os seus limites são questões que só você mesma pode responder. As regras morais existem, em princípio, para proteger a sociedade do caos e não para tolher indivíduos nas suas necessidades pessoais. O limite entre trair e não trair vai depender da lógica que você usar para conciliar a defesa de suas necessidades pessoais com a defesa de seu casamento. Muitos diriam que sexo virtual não difere muito de uma fantasia erótica masturbatória; outros acreditam que o fato de pensar em trair já caracteriza uma traição.
O importante é que você abra um diálogo com você mesma e refaça seu código moral pessoal. A partir daí, as decisões tomadas devem ser assumidas na íntegra com todas as consequências que podem trazer. Por exemplo, você diz: "Só faço virtualmente, nunca faria pessoalmente". Você tem certeza que seu controle funciona de forma tão precisa? Será que seu parceiro virtual não conseguiria fazê-la mudar de ideia? E se a relação virtual se transformasse em realidade, o que você faria? Sim, porque quando se reflete sobre uma questão ela deve ser abordada com todas as suas possibilidades.
Outra reflexão a ser feita é sobre o que mantém seu casamento e o que falta nele. Já sabemos que respeito e afeto existem mas, tirando a mobilização, o que mais, está faltando? Um bom diálogo? Novas experiências a dois? Mais ousadia? Talvez, se você conseguir responder a essas questões, consiga se sentir mais segura para desenhar sua vida afetiva com as cores que você quiser, fugindo das regras impostas pelas convenções.
Atenção: As respostas do profissional desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psicologia e não se caracterizam como sendo um atendimento