por Arlete Gavranic
A orientação sexual homossexual ainda gera conflito para muitas famílias. Aprender a lidar com isso exige, em primeiro lugar, conhecimento, tempo, carinho e muito respeito.
Sobre esse conhecimento ressalto dois pontos:
– Ser homossexual não é ser sem-vergonha e ele (a) não escolhe viver essa ‘opção’ sexual como erroneamente se pensa;
– Homossexualidade não é doença e não é perversão.
A orientação do desejo afetivo-sexual dele(a) acontece por alguém do mesmo sexo que o dele (a). Esse processo é natural nos indivíduos e não uma escolha.
Assisti trecho do atual folhetim global Insensato Coração, onde um rapaz ao revelar à mãe sua orientação homossexual, foi direto ao ponto dizendo que namorava um “amigo”, já conhecido da mãe. Por mais que essa família soubesse da orientação sexual do amigo e da grande proximidade entre eles, existe uma natural resistência da família em não enxergar uma possível relação afetivo-sexual entre seus pares.
As famílias esperam um modelo-padrão de relacionamento, e nesse se encontra a expectativa da heterossexualidade. Na verdade, é mais fácil lidar com o que já é conhecido.
A homossexualidade sempre foi uma realidade presente na história da humanidade. Porém, por questões morais, religiosas e econômicas sempre foi suprimida e discriminada em nome do núcleo familiar hetero.
Hoje, a vivência da homossexualidade é muito mais presente nas relações sociais.
Com certeza você que lê este artigo, convive diariamente com o universo homossexual no seu trabalho, na sua academia, na sua escola/universidade e vizinhança. E se você olhar direito para sua família ampliada: sobrinhos, tios, primos, você perceberá que conviver com a homossexualidade é uma realidade muito próxima.
Mas e as famílias, como recebem esse fato?
Em geral com um choque que considero exagerado. É estranho acreditar que as famílias nunca tenham levantado a possibilidade sobre a homossexualidade de um filho ou filha pela mera observação de seus interesses, amizades e relacionamentos mais próximos.
O quanto prestamos atenção nas pessoas ao nosso redor, principalmente os filhos? Conversamos com eles? Sabemos de seus interesses? Somos parceiros?
Quando um jovem chega e coloca sua orientação homossexual, é importante que a família entenda que sua ansiedade é muito grande, pois o medo de ser diferente e de sentir-se rejeitado é grande.
Outro receio é o da reação violenta de pais e irmãos. Infelizmente existe ainda muita ignorância e grande parte das pessoas reage agressivamente em relação à descoberta de um homossexual na família. Isso é uma pena, pois o apoio familiar para uma vida saudável e equilibrada é importante, independente de se ter filhos homo ou heterossexuais.
As pessoas devem ser integralmente respeitadas como seres humanos e isso independe de credo, raça ou orientação sexual.
Em São Paulo existe o o GPH (Grupo de Pais de Homossexuais). ONG fundada pela professora universitária, pesquisadora e terapeuta especializada em diversidade de orientação sexual Dra. Edith Modesto. Essa instituição tem como objetivo auxiliar famílias que sintam necessidade de conversar e trocar experiências a respeito da sexualidade dos filhos e adquirir condições para aceitar essa orientação homossexual.
Espero que outros centros como esse se multipliquem pelo país. E que essa possibilidade de poder olhar e aceitar o outro como ele é, nos faça mais humanos e menos agressivos.
Nenhuma discussão sobre criminalização à homofobia seria necessária se aprendêssemos a conviver pacifica e afetivamente com todas as diferenças que compõem os seres humanos.
O núcleo familiar deve ser um ambiente de troca e compreensão mútua. Enfim, um espaço para o aprendizado e o crescimento. Pense nisso antes de discriminar!