A voraz sede de visibilidade que vivemos em nossa sociedade tem feito com que o ser humano se ajoelhe às desonestas imposições do ego.
Ter a autoimagem retocada por intervenções cosméticas e cirúrgicas (dolorosas e desnecessárias em muitos casos) não garante a resolução da autoestima. Isso é inquestionável!
Uma possível “ressurreição” existencial não se dá “matando” quem se é através da edição de uma nova imagem visual, ação que no fundo vem da condição de alvo fácil de expectativas alheias, mercantilistas, consumistas…
Aplicação de silicone, Botox®, injeção de metacrilatos, lifting, enxerto de colágeno, lipoaspiração, cirurgias plásticas para diminuir/aumentar o queixo, afinar o nariz, fazer implante de bochecha, tornar saliente o maxilar, levantar o lábio superior, e assim ficar com a boca da moda, diminuir as pálpebras e deixá-las mais firmes, adequar orelhas, implantar pelos nas sombrancelhas (retiradas da região pubiana) e outras tantas alternativas, não garantem que a pessoas depois de terem sido revisitadas por tantas invasões, conseguirão abstrair o desconforto da alma. Tudo que perpassa a vida com excesso traz consequências, por vezes, irreversíveis!
Padrão de beleza ao extremo
Hoje não basta ter a roupinha da moda, tem que ter o rosto e demais partes do corpo padronizados pelo conceito de beleza preestabelecido.
A estatística revela um aumento significativo de cirurgias plásticas e essas têm se mostrado muito mais acessíveis, através de condições de pagamento altamente favoráveis, como parcelamento antes da realização e com a explícita garantia de resolução da identidade. Será mesmo possível garantir?
A mídia facilita equívocos como autoconfiança comprada e identidade resolvida através do reparo na estética e, assim, insinua que imperfeições inviabilizam a beleza que existe na diversidade.
Cuidar da imagem é saudável
Acredito que cuidar da imagem faz parte de uma dinâmica existencial saudável, como acredito também que estamos envoltos numa exacerbação sobre a ideia do rejuvenescimento exterior como fonte de felicidade.
O prazer derivado exclusivamente dessa estratégia me parece efêmero demais…
Não há perfiloplastia, por exemplo, que é uma intervenção cirúrgica que altera todo o perfil da testa ao queixo e nariz, que dê conta de cauterizar as feridas da alma assolada pela morfologia do sofrimento.
Viajar por dentro de si mesmo(a), com humildade, acolhidamente e com boa assessoria psicológica, conhecendo cada quina, cada canto, pode levar a uma ressignificação da autoestima e da autoimagem. Mudança de dentro para fora, mudança profunda que gera de fato transformação/superação. E SUPERAÇÃO é o destino de quem se empenha em buscar a grandeza escondida na pequenez de cada instante…