por Blenda de Oliveira
"Procuro psicoterapeuta com experiência em terapia de família. Trata-se de crises repetidas de desentendimentos com minha filha. Agora se agravou, ela me agrediu fisicamente com beliscão forte."
Resposta: Esta é uma situação que precisa de urgente atenção. Provavelmente chegou nesse ponto porque a tensão foi crescendo e você como mãe não conseguiu segurar a autoridade.
Não ficou claro se moram só vocês duas, se o pai é presente e se há outros filhos. Tudo isso é muito importante para entender por que está tão só nesse embate. Filhos ditadores são resultado de um processo em que as figuras dos pais passam a ocupar o lugar daqueles que serão controlados pelos filhos de modo autoritário e tirânico. Por qualquer motivo as fronteiras hierárquicas desse relacionamento tornaram-se frouxas, praticamente inexistentes.
Para sua filha não deve ser fácil assumir a tirania dela com você, portanto, embora não pareça, causa sofrimento e não a ajudará a estabelecer relações saudáveis no futuro com amigos, parceiros amorosos ou na vida profissional.
Um filho ou filha que escraviza, tiraniza como déspota a relação com os pais, passa a ter sobre si mesmo uma ideia falsa de força e poder. No fundo são pessoas que se sentem desamparadas e desesperadas. De modo geral, pessoas que necessitam tiranizar, controlar e assustar carregam questões de desamparo, insegurança e baixa autoestima. Quase sempre viveram o mesmo em sua vida e reproduzem esse comportamento com outras pessoas. Claro, que pode haver também disfunções que não só psicológicas, mas químicas que acarretam quadros de enorme impulsividade e agressividade. Por isso a necessidade de se consultar um profissional, nesse caso, para avaliar os aspectos da dinâmica da relação, os aspectos psicológicos individuais e os aspectos, talvez, que estejam relacionados com a química.
Busque ajuda para retomar o leme do barco. Se o pai estiver com você deve ser envolvido, caso não tenha essa possibilidade do pai participar, caberá a você buscar urgentemente ajuda no sentido de se fortalecer e retomar sua autoridade de mãe. Não tenha medo e não ceda, desistindo da relação com sua filha. Lute, mas com orientação e conhecendo melhor quais seus pontos fortes e aqueles a melhorar para retomar a relação mãe e filha.
Boa sorte!