por Saulo Fong
É fato que as relações extraconjugais têm feito parte de muitos matrimônios desde que o casamento surgiu na história de nossa sociedade. Não cabe a mim examinar as causas desse fenômeno nesse momento.
Uma das consequências dessa situação é o nascimento de filhos fora do casamento. Como fica o sistema familiar quando um novo membro do sistema nasce nessas condições?
Primeiro, é importante ter consciência de que TODOS os envolvidos fazem parte desse sistema familiar. Tanto o amante ou a amante, como o filho ou a filha tem seu direito de pertencimento ao sistema no momento que a relação se inicia. São pessoas que influenciarão e serão influenciadas por todos os envolvidos.
Quando o nascimento de um filho acontece com a mulher casada, todos precisam enfrentar a questão, pois não há como esconder a situação. A aceitação do fato é primordial para o bem-estar de todos os envolvidos por mais doloroso que seja. A ajuda profissional de um terapeuta pode ser necessária para encontrar a harmonia dessas relações.
Entretanto, a situação mais comum ocorre quando o (a) filho(a) é fruto da relação extraconjugal do homem. Nesses casos, muitos homens tentam proteger a estrutura familiar pré-estabelecida escondendo o filho da nova relação ou não reconhecendo o seu vínculo. Há casos onde esses homens fazem de tudo para proteger tal estrutura, entretanto o fazem, pois não têm consciência de que a estrutura já foi alterada.
Quando se exclui ou não se reconhece um filho ou uma filha de um relacionamento extraconjugal, é comum que algum outro membro familiar se identifique com a pessoa excluída, ou seja, passe a sentir os mesmos sentimentos da pessoa que foi abandonada, mesmo que nunca tenham se conhecido. Essa sintonia acontece inconscientemente através da força do sistema familiar para que todos tenham o direito de pertencer.
A única solução para essa situação é o enfrentamento, o reconhecimento e aceitação digna da nova relação e do novo(a) filho(a). Muitos filhos de relações extraconjugais sentem-se abandonados e não pertencendo a nenhum sistema por se encontrarem nessas situações. Eles também precisarão encontrar o caminho para gratidão das escolhas feitas por seus pais, para assim, tomarem a vida em sua plenitude.
Afinal, todos fazem parte.