Por Ricardo J.A. Leme
No cinema, teatro e na vida as coisas podem ir bem ou não. Tem histórias que acabam bem e outras que não. Tem pessoas que são de bem e outras que não; não chegam a ser más, apenas não de bem. Não de bem com a vida.
Os amigos que gostam de filmes e peças com final feliz são desconfiados, controladores e geralmente conhecem o medo. Julgam saber o que é certo ou errado com muita clareza. Chegam a ser quase preconceituosos. Não gostam do feio, evitam. De fato, o feio não faz parte da vida deles; como poderia? Vivem de aparências e de comparações. Afinal, se eu não me comparo com algo, como saber quem sou? Quem não tem dentro encontra suas referências fora. Vive no espelho, como a bruxa da branca de neve.
Os amigos que gostam de filmes com outros tipos de finais são diferentes. Diferentes de todos os outros. São únicos. Chegam a ser chatos de tão únicos. Se percebem tão bem a partir de dentro, pois têm vida interior, que parecem não se importar com o mundo exterior. Mas se importam sim; querem fazer diferença. Sabem que as coisas nem sempre acabam como gostariam e que o imprevisto e o inusitado são faces da felicidade nem sempre bem-vindos.
Gosto de todo tipo de final, mas também quando não termina. Quando não há final, então o caminho e a caminhada são o próprio fim.