por Roberto Goldkorn
Nessa semana recebi um link para um filminho que está no You Tube. Ele nos mostra uma descoberta impressionante protagonizada pelo telescópio Hubble. Segundo o filme, os controladores do supertelescópio apontaram as suas lentes para um lugar no espaço cheio de …vazio! Ainda segundo o narrador, foi uma temeridade, pois o custo operacional desse aparato é muito alto, e apontá-lo para o nada é no mínimo uma extravagância.
Mas, pasmem senhores e senhoras, o que ele revelou foi uma completa surpresa que deixou a todos embasbacados. O que parecia um vazio sem fim, na verdade se revelou um pedaço de cosmos coalhado de galáxias e essas repletas de estrelas imensas. O vazio era apenas a ausência de alcance para detectar algo a bilhões ou trilhões de anos-luz.
O tamanho das galáxias, a distância que estão de nós, nem adianta querer entender porque o nosso cérebro não processa essas informações, simplesmente por não poder compará-las com qualquer coisa que faça parte de nossos arquivos de experiências.
O que isso quer dizer?
Que ensinamentos essa descoberta pode nos proporcionar?
Nada, nenhum.
Não é pelo fato de tomarmos conhecimento de nossa ridícula pequenez, que devemos apequenar os nossos problemas, aflições e preocupações. Somos apenas um grão de areia no universo? Sim, e daí? Continuo precisando de dinheiro para fazer o supermercado e pagar o aluguel. Qualquer tentativa de minha parte de usar a relativização das distâncias e grandezas do Universo para minorizar a grandeza do meu universo humano é insanidade.
Galáxias de bilhões de estrelas muitas vezes maiores que o nosso humilde sol, não diminui a minha solidão, nem podem me consolar por um coração partido.
A arqueologia de nossa vida pessoal não pode e não deve nos servir de desculpa escapista para nos escondermos do presente. Esse negócio de que o tempo contado aos bilhões e as imensidões do cosmo colocam as nossas aflições e ambições em perspectiva, é pura bobagem. Apenas a nossa própria vida, a nossa própria história pode nos colocar em perspectiva. O parâmetro para a nossa vidinha somos nós mesmos.
Pessoas mais sensíveis ficam no meio do caminho e são pisoteadas pelos que vêm atrás. Culpar o “sistema” por ser cruel, implacável e desumano é desconhecer a História.
O passado não foi melhor, os outros sistemas não são melhores e certamente o futuro não o será. Qualquer tentativa de conseguir culpados pelas nossas desditas é vão escapismo e não vai funcionar. O melhor conselho que encontrei um dia foi: Orai, mas Vigiai.
Estar atento ou chapado, encarar ou fugir, derrotar ou ser derrotado, comer ou ser comido, tudo isso é parte do pacote. Estamos constantemente escolhendo um lado, mesmo que não saibamos disso, e vamos colher as consequências dessas escolhas, é simples assim.
Há antes que me esqueça, nessa bisbilhotada cósmica do Hubble, as lentes poderosas captaram um evento único: uma galáxia gigantesca “comendo” uma menor. Aí eu pensei: “Até tu Brutus!”