por Roberto Goldkorn
Acabei de assistir um reality show americano com superobesos. No episódio foi ao ar uma prova na qual os participantes deveriam atravessar uma trave colocada sobre uma piscina.
Uma das mulheres começou a tremer e a dizer que tinha fobia de água, que não sabia nadar, etc. Mas para não prejudicar a equipe (formado pelo seu filho), subiu na prancha. Era visível que estava paralisada pelo medo fóbico e não conseguiu dar o primeiro passo. Tentou voltar já totalmente desequilibrada e caiu batendo a cabeça no concreto da piscina, quebrando o nariz e um dos dedos.
Resumindo, para não correr o risco de cair na água ela "preferiu" cair no chão duro.
Para quem assistia e não compartilhava de nenhuma fobia dava até para sentir "raiva" da fraqueza daquela mulher. É a mesma "raiva" que sentimos quando alguém faz algo completamente irracional.
O medo é um dos mais primitivos e maravilhosos mecanismos de sobrevivência que nós animais desenvolvemos para nos preservar. Mas o medo que é alçado à categoria de fobia é doença, paralisa, enfraquece e, como qualquer deficiência, nos arranca da competitividade como seres humanos.
Existem muitas teorias em relação à origem das fobias. A psicanálise diz que é a objetivação de neuroses, o que me parece sensato. Mas acredito que possam ser áreas emocionais bloqueadas por traumas severos acontecidos em vida passada. Imagine uma pessoa dentro de um barco cheio de gente que naufraga. Imagine o pânico e o horror dessa pessoa vendo crianças e adultos desesperados lutando pela sua sobrevivência e se afogando até que ela mesma seja tragada pelas águas. Esse trauma para algumas pessoas se instala em camadas muito profundas da mente/cérebro e (talvez inscrita no "DNA" espiritual) vai reencarnar junto com a nova identidade daquele ser. Sempre que o motivo água ou melhor a relação de contato com água (que ofereça mesmo que seja um nível mínimo de risco) se apresente, ela vai deflagrar o programa do pânico. Sua mente vai zerar, vai regredir a um estágio pré-racional e seus sistemas lógicos vão entrar em pânico.
Isso não explica todas as fobias, como por exemplo, a fobia de lagartixa que uma velha conhecida tinha. Dificilmente podemos imaginar um cenário onde na vida passada essa pessoa tenha sido atacada por uma "gangue" de lagartixas assassinas que a devoraram lentamente. Nesses casos a lagartixa pode ser uma corporificação de uma neurose grave de natureza sexual ou não. Pode ser um "deslocamento" onde a lagartixa assume o lugar de outro objeto abjeto que por alguma razão misteriosa fica recalcado.
Nesse processo entram também comportamentos desequilibradores como as aversões irracionais.
Em todos os casos, qualquer área de nossa mente que esteja ocupada por mecanismos "alienígenas", que são capazes de nos tornar incapazes diante de situações do cotidiano, devem ser confrontados.
Ter medo de caminhar numa corda esticada sobre um abismo de 1.500 metros é uma coisa; ter medo e sofrer alterações fisiológicas ao se aproximar da sacada de um prédio de cinco andares é outra.
Medos são salvaguardas necessárias para nossa existência saudável, mas medos irracionais são monstros incapacitantes que precisam ser expulsos de nossa vida. Já convivemos com tantas limitações, restrições de todas as ordens que abrigar uma fobia não deve ser uma opção.
Você pode usar uma das terapias comportamentais que existem para retirar os sintomas do medo fóbico, isso quase sempre funciona mas como não é suprimido e sim reprimido para nossa "lixeira" psíquica, pode eventualmente retornar até sob outra forma. Acredito que o melhor é descobrir a origem desse "trauma" e aí sim desconstruí-lo sistematicamente. Felizmente, as psicologias têm um grande arsenal para lidar com isso, porque sabem que um dia você pode precisar atravessar a água profunda e aí…