Por Oscar D’Ambrosio
Há filmes que, embora aclamados pela crítica, acabam passando despercebidos pelo público. Não são conhecidos e muito menos vistos. É esse o caso de “The Rider”, traduzido por “Domando o destino”. Sob a direção da chinesa radicada em Nova York, Chloe Zhao, surge uma história real com dimensões épicas pela sua simplicidade.
O enredo é enganadoramente simples. Um jovem cowboy sobre um grave acidente no cérebro que o impede não só de competir, mas mesmo de cavalgar. Trata-se de uma lesão neurológica que tem como sequela aparente apenas a rigidez em certos movimentos de uma das mãos, mas qualquer nova queda pode ser fatal.
Na vida não se joga fora longos caminhos percorridos, seguir os movimentos das circunstâncias, refletir, adaptar-se e dar uma meia-volta podem ajudar
O desafio é encontrar um novo objetivo na vida. O rapaz contenta-se em treinar cavalos, mas mesmo essa atividade começa a ser um risco. A escolha de voltar a competir, ignorando os conselhos dos médicos, é também uma possibilidade que coloca à sua frente, num momento que acumula perdas e aparentemente nenhum ganho existencial.
O próprio Brady Jandreau interpreta a si mesmo e o faz sob uma direção segura, que não cai no melodrama. A obra acumulou prêmios e traz um retrato de um lado norte-americano pouco conhecido, marcado pelo contato direto com os cavalos, a amplitude dos ambientes e uma profunda solidão. Todos esses tópicos reunidos tornam o filme tocante, denso e belo. Não é pouca coisa!
Fonte: Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.