por Roberto Santos
Depoimento de uma leitora:
“Uma pessoa de 32 anos, formada em administração, porém sem experiência, deve desistir do mercado de trabalho formal? Quais as melhores opções para driblar as restrições do mercado? Adoraria empreender, mas é algo fora da minha realidade.”
Resposta: Já publicamos pelo menos meia dúzia de perguntas semelhantes à sua que chamo de “encruzilhadas de carreira” — pessoas que passam décadas prisioneiras de uma atividade que não lhes traz realização, mas garante o sustento ou pessoas de certa idade que decidem voltar ao mercado de trabalho, depois de anos de inatividade, para citar apenas duas.
Com a juventude de seus 32 anos, você pode estar muito mais preparada para escolher a trilha de carreira que quer percorrer para os próximos 30 a 40 anos que tem pela frente.
A meu ver esta trilha deve atender a três critérios básicos, pelo menos:
(1) fazer algo que lhe traga realização;
(2) algo que você tenha aptidões;
(3) que haja razoáveis oportunidades de mercado.
Quando um ou dois desses pontos estão capengas, o plano pode cair por terra. Acreditando que sua escolha pela graduação em Administração de Empresas foi por interesse genuíno, você tem um ótimo começo para definir seu plano.
Esse curso, talvez seja dos que mais campo de atuação oferece e em diversos níveis. Pessoas com essa formação podem começar ocupando um cargo de assistente, bem como se encontram altos executivos formados em Administração.
Partindo desse vasto campo, cabe a você delimitar qual área lhe traria mais satisfação, aquela à qual você julga ter aptidões (e outras pessoas concordam) e, uma área que costuma oferecer boas oportunidades no mercado de trabalho.
O campo delimitado em Finanças, Suprimentos, Comercial, Finanças, Marketing, Vendas etc faz acender a luz para dar dois passos simultâneos: buscar uma especialização ou pós-graduação latu-sensu na área escolhida e buscar emprego nessa área, mesmo que em cargo iniciante. Se a aplicação da fórmula com os três ingredientes tiver sido bem-sucedida, complementada com a especialização e, superimportante, com um desempenho acima da média, provavelmente o acesso a cargos superiores poderá ser uma sequência viável.
Por outro lado, a alternativa de ser uma empreendedora pode parecer fora de sua realidade, mas sendo tão jovem, você não deveria descartá-la a médio/longo prazo. A mesma fórmula dos três ingredientes citados pode ser aplicada aqui.
Além dessas três, uma quarta decorrente das duas primeiras (fazer o que gosta e que tenha aptidões) deve ser ponderada — adequação do perfil de personalidade. Esta pode interferir nas chances de sucesso tanto para o emprego formal em diferentes áreas, como, e principalmente, quando se considera abrir um negócio próprio.
Personalidade empreendedora: perfil
Em linhas gerais, a personalidade empreendedora tende a incluir:
– alto nível de proatividade e orientação a resultados;
– orientação para ação, com flexibilidade para se ajustar a ambientes e situações pouco estruturados e ambíguos;
– alta dose de perseverança, resiliência e resistência à frustração
– dependendo do tipo de negócio, criatividade e agilidade para aprender e mudar de rota, são fundamentais.
Finalmente, se o campo escolhido não significar um trabalho isolado do mundo, via internet, por exemplo, mas incluirá interações com pessoas diferentes, sua fórmula de sucesso deverá incluir uma boa dose de extroversão para tomar iniciativa de contatos com estranhos e empatia para preservar a rede iniciada — base para o relacionamento com clientes.
Talvez o que esteja fora de sua realidade para ser empreendedora, sejam outros entraves reais ou imaginários. Uma vez que você tenha motivação e boa parte das características do perfil descrito, não há por que não incluir o empreendedorismo em suas trilhas futuras de carreira.
Boa sorte!