por Jocelem Salgado
Apesar de muito nutritivo, dificilmente encontramos receitas ou festividades relacionadas com o preparo e/ou consumo do grão-de-bico. Esse alimento não ocupa lugar de destaque no ranking das leguminosas mais populares entre os brasileiros e a explicação mais aceita para isso refere-se ao custo: o grão-de-bico pode chegar a custar até cinco vezes mais que o feijão!
Mas essa relutância quanto ao seu consumo deve ser repensada e vou explicar o porquê!
Apesar de pouco consumida no Brasil, essa leguminosa é amplamente utilizada como ingrediente de pratos indianos e em diversas localidades do Oriente Médio, na forma de hummus, falafels e curries. Ele apresenta, em média, 20% de sua composição total de pura proteína. É uma dica valiosa para quem está querendo substituir a carne vermelha em seus menus: o grão-de-bico é uma rica fonte de proteínas que, quando combinado com um cereal integral (macarrão de trigo integral, arroz integral, etc.), tem sua biodisponibilidade potencializada no organismo.
Assim, esse alimento pode fornecer um teor de proteínas comparável ao de alimentos à base de carne ou de leite, sem os elevados valores calóricos ou altas quantidades de gordura saturada encontrada nesses alimentos.
Outro destaque de sua composição é o elevado teor de fibras (12% da sua composição total), principalmente na casca, que auxilia no melhor funcionamento do intestino. Além disso, a ingestão do grão-de-bico também evita elevações rápidas dos níveis de açúcar no sangue após uma refeição. Isso ocorre porque ele proporciona uma queima mais lenta da energia adquirida pelo organismo, diminuindo assim os danos causados pela resistência à insulina, hipoglicemia ou diabetes.
O grão-de-bico também é considerado uma excelente fonte de manganês (mineral essencial que atua na síntese de diversas enzimas importantes, relacionadas à produção de energia e as defesas antioxidantes), molibdênio componente que “desintoxica” os sulfitos que, em pessoas sensíveis a eles, podem ser causadores de taquicardias, dor de cabeça, atordoações entre outros.
Apesar de todos esses benefícios, a característica que mais tem chamado atenção para essa leguminosa é seu alto teor de triptofano, que é um aminoácido essencial relacionado à produção da serotonina (substância que traz sensações agradáveis e bem-estar). Para quem ainda não reconheceu essa substância, ai vai a explicação: a serotonina é o composto responsável pela sensação de bem-estar causada pelo chocolate. Alguns estudos afirmam que o grão-de-bico possui o mesmo efeito que o chocolate na produção de serotonina, com a vantagem de estar livre das gorduras e carboidratos presentes no mesmo, o que conferiu ao grão-de-bico o título de “grão da felicidade”.
Mas devemos sempre lembrar que a plena felicidade não depende apenas do consumo de um alimento rico em certo componente. Ela é um conjunto de vários fatores relacionados entre si, envolvendo uma alimentação adequada, hábitos de vida saudáveis e o que é mais importante, sentir paz no coração e alegria na alma.
Dicas para preparar grão-de-bico
* Antes de lavar os grãos, você deve espalhá-los em uma superfície de cor clara ou para identificar e remover pequenas pedras ou grãos danificados. Após esse processo, coloque-os em um coador e enxágue-os com água corrente fresca.
* Para encurtar o seu tempo de cozimento e torná-los mais fáceis de digerir, os grãos-de-bico devem sofrer cozimento, que pode ser realizado de duas maneiras: A primeira consiste em colocar os grãos em uma panela e adicionar duas a três xícaras de água para cada xícara de grão-de-bico. Ferver por dois minutos, tirar a panela do fogo, tampar e deixar de repouso por duas horas. O outro método é simplesmente deixar os grãos de molho por oito horas, com a panela na geladeira para que eles não fermentem.