por Arlete Gavranic
O sexo sempre foi usado como objeto de poder e de manipulação entre pessoas. Mesmo nos períodos mais reprimidos da história da mulher, encontramos na sexualidade exemplos de poder através da sedução que causavam medo ou encanto.
Na Idade Média, mulheres sensuais que expressavam seus pensamentos, desejos e causavam encantamento, eram tidas como bruxas. Elas despertavam medo e assim foram queimadas na fogueira da Inquisição.
As gueixas e prostitutas sempre estiveram ao lado de pessoas poderosas, seduziam com a arte de ouvir e acariciar o ego de seus clientes (e isso funciona até hoje!). Muitas vezes no papel de ouvinte-conselheira promoviam manipulação, chantagem e barganhas.
A partir da década de 1970, o movimento feminista tomou força e reforçou nas mulheres a ideia de autonomia e poder, estimulando o abandono de uma posição submissa na relação conjugal.
Mas essa postura de assumir uma autonomia do ‘eu sou’, do ‘eu quero’ ainda e difícil para boa parte das mulheres. Isso implica em sair do papel de submissão e acomodação, inclusive da dependência financeira.
É por isso que muitas mulheres ainda hoje se utilizam da greve de sexo como ‘moeda’ de troca nos relacionamentos; principalmente quando o objetivo é convencer o parceiro a fazer o que ela quer: ganhar um presente, uma viagem dos sonhos, ou puni-lo por alguma atitude errada.
Mas como psicóloga e terapeuta sexual posso afirmar que a eficiência dessa relação é baixa. A greve de sexo pode até funcionar como barganha em casais onde o homem é quem tem uma característica de personalidade mais submissa e a mulher mais manipuladora, o que não é a realidade da maioria dos casais.
Mas cuidado! Entre alguns homens essa ‘tática’ da greve de sexo pode resultar em indiferença, agressividade (desde irritabilidade até ao ato físico) ou até mesmo uma traição. É como se ele se vingasse da manipulação (boicote) que essa mulher faz com ele.
O grau de estrago que essa greve de sexo pode provocar varia de casal para casal e da quantidade de relações sexuais dos mesmos.
Levando em conta o "Estudo da Vida Sexual do Brasileiro", realizado pela psiquiatra Dra.Carmita Abdo em 2003, o brasileiro tem uma média de três relações sexuais por semana. Ou seja, há casais que fazem sexo uma ou duas ou três vezes por semana, todos os dias, quinzenalmente ou até mensalmente.
Para os que têm uma frequência mais regular, uma greve de sexo de 10 dias por exemplo, é capaz de fazer o homem subir pelas paredes e ficar muito irritado. Mas o que é uma greve para casais que têm relações a cada 10 ou 15 dias ou uma vez por mês? Nesse período prolongado de greve, além do aumento da insatisfação e irritabilidade, temos uma probabilidade aumentada no número de traições. Isso mostra que a greve de sexo é uma estratégia pouco funcional.
São poucas as vezes que essa estratégia causa um efeito positivo, pelo contrário, pode acumular insatisfações e até gerar a fuga da relação, buscando prazer e atenção fora dela.
Boicotar o sexo significa boicotar o prazer da relação, podendo trazer muito mais desentendimentos e prejuízos do que barganhas positivas.
Cabe a mulher perceber e se apropiar sim do valor da sexualidade em seu relacionamento e aprender a alimentar a relação com afeto e sedução, criando ou estimulando no parceiro o desejo de conquistá-la. O reconhecimento disso através de um presente ou uma viagem por excemplo, é uma consequência natural.
A maturidade na relação também implica em viver a sexualidade como um prazer que estimula a conquistas positivas, conquistar juntos pelo prazer e não pela birra. Pense nisso! E nada de greve, melhor é viver em paz, com muito amor e tesão!