por Danilo Baltieri
“Meu filho de 14 anos é usuário de maconha há quase dois anos. Já tentamos todos os meios de ajuda. Ele faz uso de medicamentos prescritos pelo psiquiatra, mas sem resultado algum. Será que você pode me ajudar?”
Resposta: Infelizmente, até o momento, não existem medicações comprovadamente eficazes no tratamento da síndrome de dependência de maconha.
Todas as medicações que são prescritas atualmente para certos pacientes dependentes dessa droga procuram amenizar sintomas comumente associados com o consumo da droga, como ansiedade, depressão e alterações do conteúdo do pensamento. No entanto, não existem medicações que de forma efetiva diminuam o desejo pela droga ou mesmo a fissura por ela.
Motivação do usuário para largar vício é fundamental
Quando do tratamento do paciente dependente de maconha, é fundamental a motivação do próprio usuário, bem como a participação ativa dos membros familiares.
E mais…
– Mudanças no estilo de vida, do círculo de amigos;
– Manejo comportamental dos sintomas de abstinência;
– Observância diuturna dos fatores de risco para recaídas e lapsos são alguns dos elementos essenciais no manejo clínico do paciente dependente.
A sua preocupação é, realmente, pertinente. Adolescentes usuários de maconha têm risco aumentado para problemas de saúde e sociais, tais como reduzido nível educacional, problemas legais, comportamentos inadequados, gravidez precoce, sexo desprotegido, menos aspirações profissionais, dentre outros.
Durante a década passada, o consumo da maconha aumentou em vários países do mundo, principalmente devido ao início do consumo em idades cada vez mais precoces, à mais fácil disponibilidade, à potência progressivamente maior da substância e à grande aceitabilidade do consumo em determinados ambientes sociais.
Os tratamentos disponíveis para a síndrome de dependência de maconha, baseados principalmente em abordagens psicoterapêuticas comportamentais e cognitivas, têm mostrado eficácia para uma parcela dos pacientes. Contudo, essa eficácia ainda é modesta, se considerarmos a abstinência total da droga como o resultado final desejado. Em um estudo realizado em 2004 (citado abaixo), ao fim do tratamento, apenas 15% dos adolescentes revelaram abstinência completa da substância. Isso pode parecer desanimador; no entanto, isso pode significar que o tratamento para essa dependência deve ser prolongado e que múltiplas estratégias devem ser combinadas para um melhor desfecho – saiba mais.
Abaixo, recomendo a leitura de um interessante manuscrito.
Dennis M, et al. The Cannabis Youth Treatment (CYT) Study: Main findings from two randomized trials. Journal of Substance Abuse Treatment. 2004;27(3):197-213.