Há fatores que determinam a felicidade?

Há um fator específico que pode determinar a felicidade; leia o post e descubra

O tema “felicidade” tem permeado meus artigos recentes de maneira proposital, em virtude dos sentimentos de medo, insegurança e questionamentos que rondam o comportamento das pessoas por conta da nossa atual realidade.

Continua após publicidade

Comumente relacionada a momentos de intenso prazer e satisfação, ao se diluírem, devolvem à pessoa um sentimento padrão de contentamento, o que nos tira a sensação de plenitude. Bom, se a neurociência observa a felicidade pela quantidade de bons acontecimentos na vida de um indivíduo por um determinado período; como desencadear estados de espírito positivos em meio a uma época de pandemia e seus efeitos negativos?

Você convive sempre com duas ‘tragédias’

Acreditar, por exemplo, que dinheiro, beleza ou projeção social são os ingredientes para a felicidade é um grande equívoco. Obviamente que esses atributos tornam a vida melhor, mas estamos sempre buscando mudanças com relação ao status, nossos bens materiais, projetos profissionais etc. Oscar Wilde exemplifica muito bem essa inconstância do ser humano: “neste mundo só há duas tragédias: uma é não conseguir o que se quer, a outra é conseguir”. Pois a partir do momento em que conseguimos, damos início a uma nova busca por algo diferente e melhor.

Por outro lado, a insatisfação é vista por muitos com um certo aspecto promissor, já que ruma ao progresso e não coloca o indivíduo em estado de inércia.

Atribuir a felicidade a determinados requisitos ou crenças preconcebidas distanciam, ainda mais, as pessoas daquilo que elas tanto buscam, como por exemplo, acreditar que nascemos predestinados a sermos felizes ou não. A velha desculpa de que foi “o destino que decidiu ou quis assim” não faz sentido algum.

Continua após publicidade

Ao lado das interpretações que nos levam a crer que isso ou aquilo determinam a felicidade estão inúmeras armadilhas perigosas. Vivemos constantemente atribulados, desempenhando os mais diversos papeis (em casa, no trabalho, com os amigos etc); somos movidos pelo sentimento de insegurança, como se estivéssemos a um passo da tão esperada felicidade e, a qualquer momento, algo de ruim pudesse colocar tudo a perder; buscamos aquilo que é a sensação do momento, a moda, o que é sempre requisitado e, portanto, deve ser o mais importante.

A mera sensação de estar ficando para trás – ou em condições inferiores que a dos outros – desencadeia um estado de espírito negativo, repleto de angústias. No entanto, há momentos na vida em que estar com estado de espírito perturbado é o mais coerente. Como demonstrar qualquer tipo de alegria ou contentamento mediante uma guerra? Como não vivenciar o luto após o falecimento de um ente querido?

Isso nada tem a ver com o fato de ser ou não feliz. O sofrimento pode preceder ao estado de contentamento.

Continua após publicidade

O histórico de vida de uma pessoa somado aos seus valores e nível de maturidade também podem influenciar na sua percepção (ou sentimento) de felicidade. As reações entre indivíduos diferentes, frente à uma determinada situação, são distintos, de acordo com a experiência de vida de cada um.

A fé é um fator determinante de felicidade  

A fé, no entanto, aparece como o mais determinante fator de felicidade, pois insere na vida das pessoas uma presença divina, a presença de Deus. A crença de que há alguém agindo “nos bastidores” e à frente de todas as situações da vida é um assunto que a própria ciência ainda não foi capaz de justificar.

O termo contentamento vem da origem do latim contentu (“contido”), que denota conteúdo. Encontrar conteúdo em si mesmo, neste caso, seria a definição mais próxima de felicidade. Independentemente da situação, achar motivos para contentar-se, sem vontade de que determinada situação fosse diferente.

Em tempos de confinamento e isolamento social, encontrar conteúdo na própria vida tornou-se algo mais do que valioso. Até mesmo, um recurso de sobrevivência.

Muitas pessoas passam a vida buscando essa tal felicidade, que parece nunca chegar, formando sociedades com vidas medíocres e acomodadas. Ou então, certos de que tristezas momentâneas nunca irão passar.

Livrar-se das amarras que nos prendem a esse estilo de vida ainda é uma jornada e tanto. Desapegar-se do excesso de compromissos e olhar para coisas singelas são exercícios diários e repleto de desafios.  Uma jornada tão desafiadora quanto atribuir qualquer significado a esse estado de espírito em plenitude.

 E por falar em desafios, a palavra “coração” na tradução hebraica (LEB) refere-se ao ser interior, não exclusivamente ao reduto das emoções. Por isso, o provérbio “Sobre tudo o que deves guardar, guarda o teu coração porque dele procedem as fontes da vida” pode ser um bom começo para destilar momentos de felicidade. Cuidando bem do que pensamos e daquilo que sentimos, cuidando do nosso interior, com certeza ficará mais fácil emprestar significado às pequenas situações do cotidiano e, assim, quem sabe, seja possível eternizá-las.

Maria do Céu Formiga é psicóloga, escritora Membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, (ocupando a cadeira de Mario Quintana) e aquarelista. É pós-graduada em Psicologia Social, Mestre em Ciências da Religião. É consultora autônoma, coordena cursos e workshops. Realiza palestras e trabalhos em simpósios e congressos nos seguintes países: França, Inglaterra, Cuba, Israel, Chile e Estados Unidos. Mais informações: www.mariadoceuformiga.com.br