por Edson Toledo
O sol importa, e muito. É consenso de que em países com inverno rigoroso aumenta a incidência na alteração do humor. A ideia não é exatamente nova, mas de acordo com um estudo recente da Brigham Young University (BYU), nos EUA, quando se trata de sua saúde mental e emocional, a quantidade de tempo entre o nascer e o pôr-do-sol é a variável meteorológica que mais importa quando se trata da nossa saúde mental e emocional.
Curiosamente o estudo* começou com uma conversa casual de Mark Beecher, professor e psicólogo na BYU, e seu colega e professor de física Lawrence Rees, que em um dia de tempestade, pegaram o ônibus juntos e Lawrence perguntou a Mark se ele atendia mais clientes em dias de tempestade, ele disse que não tinha certeza, que era uma questão em que ele não tinha pensado ainda, pois era difícil de obter dados precisos.
Rees teve uma ideia, já que ele como professor de física tinha acesso a dados meteorológicos da cidade de Provo (Utah), nos EUA e Beecher como psicólogo tinha acesso a dados de saúde mental de clientes da mesma área, portanto tinham acesso a um bom conjunto de dados.
As mentes científicas dos dois concluíram que deveriam juntar os dois dados. Para tanto, chamaram outro colega e professor de estatística da mesma universidade, Dennis Eggett, que desenvolveu um plano para analisar os dados e realizou todas as análises estatísticas do projeto.
Os autores do estudo comentam que seu dia pode ser preenchido por temperaturas insuportavelmente quentes, poluição do ar e até mesmo nuvens de chuva, mais isso não implicará necessariamente “nos-colocam-para baixo”.
A ideia é a de que se somos capazes de absorver bastante sol, nosso nível de sofrimento emocional poderá permanecer estável, por outro lado, se privarmos da exposição ao sol, nossa angústia poderá aumentar. O interessante é que essa condição não só se aplica a pessoas diagnosticadas com transtornos afetivos, mas sim a população clínica em geral.
Beecher, como um dos autores do estudo, disse que o mais surpreendente nos seus achados é que em um dia chuvoso, ou com mais poluição, podemos supor que as pessoas teriam mais sofrimento, mas não foi isso que eles verificaram.
Explico, eles observaram a irradiação solar, ou a quantidade de luz solar que realmente atinge o nível do chão. Os pesquisadores levaram em conta os dias nublados, os chuvosos, a poluição, porém a única coisa que foi realmente significativa foi a quantidade de tempo entre o nascer e o pôr-do-sol.
De posse dessa informação, terapeutas devem estar cientes de que os meses de inverno poder ser um momento de alta demanda por serviços, já que com menos horas de sol, os clientes estarão particularmente mais vulneráveis à angustia emocional. Porém, as medidas preventivas devem ser implementadas caso a caso.
Beecher citou quatro razões pelos quais o estudo é relevante:
• O estudo analisou várias variáveis meteorológicas como o frio do vento, a precipitação, a irradiação solar, a velocidade do vento, a temperatura e muito mais.
• Os dados meteorológicos podem ser analisados até o minuto na área exata onde os clientes viviam.
• O estudo concentrou-se em uma população clínica em vez de uma população geral.
• O estudo usou uma medida do resultado do tratamento da saúde mental para examinar diversos aspectos da aflição psicológica.
• Os dados meteorológicos vieram da física da BYU e da estação meteorológica astronomia, e os dados de poluição vieram da agência de proteção ambiental dos EUA. Dados de saúde mentais e emocionais vieram do centro de aconselhamento e serviços psicológicos da BYU.
Em outro estudo realizado na Escócia, a parte mais ao norte da Grã-Bretanha, os pesquisadores consideraram a mudança do horário de verão que daria a maioria dos adultos 300 horas extra de luz do dia por ano.
Os resultados mostraram que as pessoas se sentem mais felizes, têm mais energia e menos taxas de doença no horário de verão, enquanto o humor e a saúde diminuem no inverno.
Outro estudo constatou que avançar os relógios em uma hora no inverno levaria a uma economia de energia de pelo menos 0,3% da demanda diária na Grã-Bretanha, o equivalente a poupar 450 mil toneladas de CO2 durante o inverno.
Assim, fica aí a dica para pensarmos sobre o tema, principalmente nós que vivemos nas grandes cidades. Certamente você não precisa ser um psicólogo, físico ou estatístico, mas quem sabe você e seu colega de trabalho ao pegarem o ônibus de volta para casa não possam ter uma grande ideia.
*Para saber mais sobre o artigo acesse doi: 10.1016/j. jad. 2016.07.021