Chove.
Aurora ainda se espreguiça enquanto a cidade permanece adormecida.
O Sol surge, sorri, sola. Imediatamente se surpreende!
Envergonhado, veste sua máscara de nuvens e observa, tudo.
A Terra, sempre a trabalhar, dispõe seus úberes às plantas que realizam seu maior sonho, o Sol.
Ela banha seus vasos e dobrinhas com sensação de cócegas que rios e mares causam quando em sua tortuosidade mudam de trajetos ou quando sua profundidade varia.
Seca sua juba, as matas, com a brisa suave que as diferenças de temperatura despertam na atmosfera, seu secador. Enquanto isso suspira e faz o ar circular.
Hoje, parece sem febre e, seus resfriadores, vulcões em regime de eterno plantão, aguardam o momento oportuno para distribuir seu calor vital. Sim, a erupção é a febre da Terra.
Os elementos realizam suas trocas na mais perfeita harmonia.
Na superfície, o Sol mascarado de nuvens e as estrelas distantes, mascaradas pelo dia, observam pequeníssimas criaturas aglomeradas em alguns pontos. Confundem-nas com parasitas, protozoários, bactérias, quiçá vírus. Proliferam inconsequentemente sem se aperceberem dos que carecem de nutrientes. Só pensam em si. Diferente do resto da natureza, suas trocas carecem de harmonia.
Sol e estrelas brilham entre si, como se piscassem. A luz é a linguagem das estrelas.