Da Redação
Segundo o Departamento de Pediatria do Children's Hospital e da Escola de Medicina da Universidade de Washington, estima-se que a cada 250 crianças aparentemente saudáveis, uma delas apresenta algum tipo de arritmia. No Brasil, esse número pode ser ainda maior, porém não há estudos específicos sobre este assunto.
No HCor – Hospital do Coração, em São Paulo, já foram realizadas mais de 400 cirurgias de correção de arritmias sem abertura do tórax (ablação por radiofrequência). A instituição atende em média 30 crianças com suspeita de arritmias por mês, sendo que as correções cirúrgicas ou intervencionistas correspondem a apenas 25% dos casos. Desse grupo, 45% são de crianças do sexo feminino e 55% do sexo masculino.
O número de atendimentos às crianças com algum tipo de cardiopatia vem crescendo com o passar dos anos. No serviço de arritmias pediátricas houve um aumento de 30% em comparação com o ano de 2008 e em 2010 observa-se um aumento ainda maior.
Segundo o Dr. Enrique Pachón, responsável pelo serviço de arritmia pediátrica, a maioria dos casos se deve a problemas congênitos, os quais causam as arritmias diretamente ou como sequela de cirurgias cardíacas para a correção de má formações. Dessa forma é fundamental o cuidado para prevenir as doenças congênitas do coração: "Recomenda-se que as mães façam rigorosamente todo o acompanhamento pré-natal, para que esses problemas cardíacos, como é o caso das arritmias, possam ser detectados precocemente. Deve-se evitar ao máximo hábitos não saudáveis como o fumo durante a gestação, o uso de drogas e de qualquer medicamento não indicado pelo médico", afirma o especialista.
No caso das arritmias cardíacas, que se caracterizam como alterações no ritmo dos batimentos cardíacos, desde que tratadas precocemente, é possível que a criança leve uma vida normal. "Muitas arritmias cardíacas identificadas na fase inicial podem ser totalmente curadas, sem deixar qualquer sequela no coração ou cicatriz externa, devolvendo assim a condição de normalidade total à criança", explica.
Dicas para prevenir e identificar arritmias pediátricas
· Muitas doenças são hereditárias, portanto, caso haja registro de doenças cardíacas na família, os cuidados devem ser redobrados;
· As avaliações médicas pelo pediatra nos primeiros meses de vida são fundamentais para a identificação e o controle de problemas, que poderão resultar em arritmias no futuro;
· Crianças com doenças congênitas já corrigidas ou não, desenvolvem mais facilmente as arritmias que a população geral;
· Valorizar sempre qualquer queixa de palpitação referida pela criança;
· Sempre que surge alguma suspeita, o diagnóstico é feito por meio de exames comuns, iniciando através de um histórico e avaliação física detalhados, um eletrocardiograma e um ecocardiograma. A partir daí temos a base para conduzir uma investigação mais profunda, com exames mais específicos, nos casos detectados.