por Ângelo Medina
Não dá para fugir do lugar-comum: o falecimento do psiquiatra e escritor Flávio Gikovate, em 12/10/2016, foi uma perda irreparável
É muito difícil buscar uma palavra que defina com eloquência sua mente brilhante e todo o legado que ele deixa em sua extensa bibliografia composta por 34 livros.
Gikovate "não era" desse planeta. Profundo e sensível, como uma antena poderosa, captava todo tipo de comportamento subliminar que se apodera das relações humanas, trazendo-o à luz através de sua verve oral e escrita. E foi assim que Gikovate me impressionou ao ser entrevistado por outro genial, que também já habita outras esferas, Antônio Abujamra, no programa "Provocações".
Nessa entrevista, Flávio abriu um generoso espaço para falar sobre a vaidade, segundo ele, a maior mazela da natureza humana, e explicou que essa está presente em toda ação, corroendo a vida e as relações interpessoais.
Para ele, a vaidade é um grande vício, como uma poderosa droga, quanto mais se consome, mais insaciável você se torna, até todo o seu Eu ser totalmente devorado, sem sobrar nada de sua verdadeira essência. Você se afasta totalmente de si mesmo e o que sobra é a pura vaidade, um torniquete mental a controlar seus passos.
Toda essa dinâmica está apresentada em seu livro "Vícios dos Vícios – Um estudo sobre a Vaidade Humana" (1979).
Após assistir ao programa, sugeri ao Flávio transformar esse livro em uma coluna no Vya Estelar: Vaidade como Vício. Ele recebeu o convite com um misto de surpresa e gratidão: "Obrigado pelo reconhecimento deste meu livro, porque ninguém está nem aí para a vaidade sob esse enfoque."
O corpo físico de Flávio se foi… mas seu corpo espiritual, mental e emocional continuam mais vivos do que nunca e suas palavras ainda terão muitas vidas e muitas linhas… pois Vya Estelar ainda tem muito o que mostrar da vaidade como vício, pois só passamos da metade do livro.
Que uma legião de anjos te acolha e te abrace carinhosamente Flávio!
Descanse feliz e em paz!
Nós agradecemos por você existir.