por Anette Lewin
Resposta: A carência afetiva é apenas um dos aspectos que podem fazer parte da configuração emocional de uma pessoa. Essa carência, por si só, não é capaz de determinar uma tendência maior ou menor para a paixão. Assim, facilidade para se apaixonar depende da interligação de vários aspectos emocionais com o tipo de personalidade da pessoa.
Certamente uma pessoa carente, mas muito exigente, não vai se apaixonar fácil. Porque ela escolhe muito, seleciona e rejeita aquilo que não cabe no seu modelo de companhia afetiva. Por outro lado, pessoas que dependem muito de companhia, e precisam muito ter com quem conversar, se apaixonarão com mais facilidade. Sejam elas carentes ou não.
Se apaixonar com facilidade, porém, não significa garantia de sucesso ou fracasso no relacionamento. Pessoas que se apaixonam fácil, em geral, tendem a se desapegar facilmente também. Não podemos esquecer que a paixão, em geral, refere-se mais a sentimentos idealizados do que a uma escolha afetiva real. Dessa forma, quando a pessoa real começa a aparecer e mostrar sua verdadeira cara, o apaixonado pode se decepcionar e abandonar o relacionamento.
Pessoas carentes, em geral, precisam muito de atenção. Se alguém suprir minimamente essa carência, pode se tornar alvo de uma expectativa, talvez de uma obsessão que pode ser facilmente confundida com paixão. Mas obsessão nada tem a ver com amor ou paixão. É um comportamento doentio que pode iludir pessoas que procuram um relacionamento amoroso.
Numa relação saudável é desejável que as carências afetivas dos envolvidos tenham sido trabalhadas individualmente.
Quem entra num relacionamento a dois sem ter consciência de suas carências, muito provavelmente as derramará sobre o parceiro amoroso. E quando isso acontece, não há relação que evolua bem. Assim, de nada adianta relacionar-se com alguém que se apaixona fácil. se esse alguém não tiver a maturidade para lidar com um relacionamento real. Pode ser lindo no começo, mas não suportará o ônus do dia a dia.
Diante dessas reflexões pode-se concluir que paixão e carência afetiva , quando se vinculam, raramente resultam num bom relacionamento. Para que a paixão possa fluir de um modo saudável é necessário que os envolvidos conheçam suas qualidades e suas carências para que não esperem do parceiro mais do que ele pode oferecer. E é imprescindível que possam fazer escolhas conscientes sem cair na armadilha de achar que qualquer parceria pode preencher suas necessidades afetivas. Não pode não.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.