por Danilo Baltieri
Intuitivamente e de fato, o padrão do consumo recreativo de bebidas alcoólicas entre homens e mulheres é diferente. Além disso, quando os problemas relacionados ao uso de bebidas alcoólicas ocorrem, homens e mulheres tendem a demonstrar características também dissimilares.
Embora o processo neurobiológico de desenvolvimento do abuso e da dependência do álcool seja provavelmente o mesmo para homens e mulheres, aspectos socioculturais, fisiológicos e psicológicos são bastante diferentes entre os dois sexos. Estes aspectos provocam diferenças no curso e sintomatologia das dependências químicas.
Tais diferenças são em grande número e podem incluir as seguintes:
a) Mulheres com problemas com o uso de bebidas alcoólicas parecem começar a beber e iniciar o padrão de abuso do álcool mais tardiamente do que os homens, embora essa diferença de início do consumo e de problemas com as bebidas alcoólicas esteja desaparecendo dia a dia entre ambos os sexos. Mesmo considerando apenas as mulheres que iniciam mais tardiamente o consumo e o abuso de bebidas alcoólicas em relação aos homens, a idade da busca pelo tratamento médico/ psicossocial e a gravidade da doença são semelhantes às dos homens. Isso se deve, provavelmente, às diferenças do metabolismo do etanol entre ambos os sexos;
b) Mulheres costumam beber significativamente menos do que os homens, inclusive aquelas com problemas com este consumo (abuso/síndrome de dependência);
c) Mulheres com problemas com o uso de bebidas alcoólicas demonstram mais sintomas depressivos, ansiosos e baixa autoestima do que os homens;
d) Mulheres que procuram tratamento são mais frequentemente casadas, divorciadas, ou convivem com parceiros alcoolistas. Os homens parecem ser mais frequentemente casados com parceiras sem problemas com álcool;
e) História de tentativas de suicídio é mais comum entre mulheres alcoolistas do que entre homens. Outrossim, mulheres alcoolistas demonstram um risco quatro vezes maior do que outras mulheres de tentar suicídio;
f) Mulheres alcoolistas, quando comparadas aos homens alcoolistas, mais comumente buscam auxílio médico/psicossocial para cessar o uso das bebidas por razões de saúde e problemas familiares, enquanto os homens alcoolistas parecem buscar o tratamento devido a problemas legais e no trabalho (vejam aqui que estamos fazendo uma comparação entre os sexos);
g) Mais comumente, mulheres com problemas com o uso de bebidas alcoólicas, quando comparadas aos homens com problemas com álcool, também abusam de substâncias prescritas, tais como benzodiazepínicos, anfetaminas e outros sedativos.
Entre jovens, homens costumam beber mais pesadamente e frequentemente do que as mulheres. Também, vários estudos mostram que jovens do sexo masculino apresentam mais episódios de intoxicação alcoólica, dirigir embriagado, envolver-se em brigas ou conflitos físicos, faltar às atividades escolares, faltar ao trabalho, insistir no consumo da bebida quando já percebem estar “altos” do que as jovens.
Outrossim, jovens do sexo masculino mais frequentemente bebem com a intenção de ficar “bêbados” (o que, na linguagem jurídica, denomina-se embriaguez dolosa) e apreciam beber sozinhos.
As jovens, quando alcoolizadas, ficam mais vulneráveis às investidas comumente inadequadas dos seus pares ou pessoas desconhecidas, sentem maior necessidade de buscar auxílio hospitalar e, mais rapidamente, demonstram sintomas de intoxicação.
Estas diferenças são importantes durante a abordagem terapêutica. Embora todas estas diferenças pareçam óbvias, uma vez que as vemos diuturnamente, especialmente nos finais de semana e festas juvenis, os jovens e seus pais devem estar alerta a elas para evitar as consequências danosas.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracteriza como sendo um atendimento.