por Sonia Corazza
Lembro-me de uma pesquisa realizada anos atrás por uma empresa cosmética que revelou a média de 30 % de comprometimento dos salários de mulheres na faixa dos 20 aos 35 anos, para cuidar dos cabelos.
De tempos em tempos surge uma novidade com cara de "milagre" para empurrar milhares de consumidoras às gôndolas e sites de compra em busca de mais uma tábua de salvação para os fios danificados.
Estamos em tempos de "óleos vegetais que fazem quase tudo". Vamos explicar direito, gente. Sim, sem dúvida fórmulas cosméticas contendo alta concentração de determinados compostos lipofílicos vegetais, isto é, "gorduras" boas para os fios, podem ajudar muito.
Entre as boas ações desses compostos graxos fitoativos está a característica de repor a gordura natural que encobre cada fio e o protege da perda da umidade. Isso possibilitando a formação de um filme não oclusivo, isto é, uma camada que não cause efeito cumulativo. Alguns desses óleos e manteigas podem evitar a desidratação do cabelo. Isso ocorre evitando que as moléculas de água contidas na estrutura proteica de queratina sejam removidas. Dessa maneira o cabelo mantém suas propriedades originais de maciez, penteabilidade e brilho.
De olho na bula
Mas não se engane, existe muita fórmula que não entrega os benefícios mercadologicamente alardeados. O Óleo de Argan talvez tenha sido o mais recentemente idolatrado; sob o codinome de Maroocan oil, e não desmerecendo as éticas empresas que o colocaram no mercado, o Argan, originário da árvore Argania spinosa, nativa do Marrocos, ficou mais conhecido no Brasil do que a novela das 8 (ou será novela das 9?).
Mas é preciso ser sensato, gente. Para se obter 100 ml de óleo de argan seriam necessárias, em media, 500 gramas de sementes de argan, isto é, meio quilo. Para resumir a conta, não existem árvores no Marrocos, nem no mundo, para produzir sementes suficientes que sirvam de fonte para a extração de óleo para abastecer todo o mercado brasileiro; caso os óleos à venda por ai fossem formulados com pelo menos 50% de Argan.
O que quero dizer com isso é para que antes de desembolsar seu suado dinheirinho, pagando boas dezenas de reais por um frasco pretensamente milagroso para suas madeixas, vale ler a composição qualitativa que está na parte traseira do frasco.
Se a fórmula começar com "Petrolatum" não. Isso significa que o veículo, a principal matéria-prima do seu produto é o velho óleo mineral – derivado petroquimico que vai SIM deixar seus cabelos emplastrados, engordurados e com aspecto
de sujos.
Então faça escolhas assertivas, busque fórmulas que possam de fato proporcionar benefícios reais para seus fios de cabelo.
De maneira geral as manteigas vegetais, como karite, cupuaçu, ilepe e macadamia, entre outras, são constituídas de cadeias graxas que ajudam cabelos ressecados e destruídos por processos de escova progressiva.
Já óleos vegetais como abacate, coco, macadamia e murumuru são excelentes para cabelos crespos e muito cacheados.
Açaí, buriti, baru e argan funcionam bem em cabelos tintos, já que são ótimos antioxidantes
Monoi é fantástico para dar brilho em cabelos longos
Oliva é bom para qualquer tipo e condição de cabelo, aporta ácido linoleico e ajuda na coesão das cutículas, evitando a quebra do fio.
Linhaça seria excelente para massagear o couro cabeludo de mulheres na pós-menopausa, pois é estimulante.
Moringa e pracaxi formam filme e evita frizzy (fios arrepiados ou que teimam em ficar em pé).
Agora você já tem a dica, leia a bula e avalie o que de fato pode ser efetivo para tornar seus cabelos protegidos, sedosos e saudáveis!