por Blenda de Oliveira
"Tenho 64 anos e já faz algum tempo que desenvolvi preocupação excessiva com familiares. Não consigo ter tranquilidade, deito pensando e acordo pensando neles. Mesmo sabendo que não posso resolver o problema de cada um deles. Por favor, o que está acontecendo comigo?"
Resposta: Como você avalia a sua relação com a família desde antes?
Sempre foi preocupada?
Qual foi e é o seu lugar na família?
Com quem se preocupa? Com todos?
Essas indagações são importantes para entender se que o que se passa com você hoje, pode ter relação com o que, de alguma forma, sempre se passou. Se a família foi sempre o centro de sua vida e de seus interesses, posso entender que hoje, mais velha, com a maior parte dos familiares vivendo vidas mais independentes, passe a sentir uma enorme angústia.
Essa angústia aparece em forma de excessiva preocupação e a consciência que não consegue controlar, modificar e cuidar de seus familiares. Talvez viva agora um medo intenso de perdê-los e se ver sozinha.
Preocupar-se dessa forma é um jeito de mantê-los sempre por perto (mesmo que seja emocionalmente) e, ainda, a prioridade da sua vida.
Como seria seu dia a dia sem essas preocupações ou com elas mais reduzidas?
Não seria agora um bom momento de criar interesses diferentes?
Já pensou em criar outras atividades?
Quem sabe até essas novas atividades lhe tragam mais tranquilidade e uma enorme liberdade de passar a se preocupar e cuidar de você.
Sei que pode parecer distante já que a família é tudo que enxerga na vida, mas, com um certo esforço, pode descobrir uma nova forma de se relacionar com eles que não é somente por meio da excessiva preocupação.
Faça uma avaliação do que poderia começar a incluir e fazer no seu dia a dia. Considere coisas que gosta e inclua na sua semana uma ou duas atividades diferentes. Não saberia sugerir, porque não conheço sua realidade e suas preferências. Mas com certeza deve haver coisas que lhe proporcionem prazer e que possa fazer.
Lembre-se que alimentar a preocupação e a angústia decorrente dela pode se tornar algo que saia de seu controle, como um estado de muita tristeza e pouca energia. Portanto, tenha em mente que a maior e mais urgente preocupação é com você e você é sua vida.