Idosas juiz-foranas exercitam senso de autoeficácia em ensaio fotográfico

Da Redação

A qualidade de vida na velhice inclui as dimensões do bem-estar físico, funcional, psicológico e bem-estar emocional.

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Foi na década de 40 que o assunto qualidade de vida no processo de envelhecimento ganhou interesse por parte dos cientistas.

Bem… voltemos então ao passado.

Em comemoração ao mês da mulher, um grupo de mulheres idosas juiz-foranas, atendidas pela Associação Restituir, protagonizou um ensaio fotográfico, que teve um nostálgico bonde do Parque da Lajinha como cenário e a beleza da maturidade como tema.

“Agradeço muito. Isso foi a coisa mais diferente que já me aconteceu”, disse Ruth Penido, 91 anos. O grupo confessou ainda que nenhuma de suas integrantes havia passado pela experiência de ser foco de cliques para um ensaio até então. “Elas ficaram encantadas com as fotos”, afirma a assistente social da Associação, Geíza Taianarae.

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São ações como essa que ajudam a promover o que a gerontóloga Elisandra Sé chama de “senso de autoeficácia”, e este é de especial importância para o idoso.    
 
Mas voltando novamente aos tempos em que os bondes cruzavam as avenidas de Juiz de Fora, foi nos anos 1960 que a atenção voltou-se para as pesquisas dos efeitos da participação em atividades sobre o bem-estar dos idosos e sobre o conceito de bem-estar psicológico.  

Mas como fazer para chegar na velhice com uma cabeça ótima, como a de Ruth?

A mestre em Gerontologia pela UNICAMP, Elisandra Sé, sugere alguns cuidados:

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1º) Cuidado com a saúde mental

Este é fundamental para o alcance de uma longevidade saudável e feliz. Saber lidar com os eventos estressantes, com as perdas, com as mudanças inesperadas ao longo da vida, requer também mecanismos adaptativos, como por exemplo a capacidade de resiliência e a sabedoria adquirida pela longevidade.

2º) Metas de vida e senso de propósito

Ambos desempenham um papel motivacional e orientador sobre o desenvolvimento; e estão relacionados com a perspectiva de futuro e ajudam os idosos a se manterem ativos e engajados, com valores e expectativas pessoais e sociais.

3º) Senso de autoeficácia

É de especial importância para o bem-estar do idoso, porque atua como um fator compensatório em relação às perdas. Esse senso ajuda o idoso a se moldar em novas condições e contextos; o ajuda a criar novas crenças sobre suas capacidades, a se sentir útil e aprender a ter expectativas de acordo com suas crenças. Assim, incentivar o desenvolvimento de crença de autoeficácia é de especial importância para a manutenção da saúde psicológica.

4º) Estratégias de enfrentamento para o idoso

Essas servem para lidar com as pressões, o estresse, atuam diretamente nos problemas que surgem, atuam sobre o ambiente, visando uma solução e uma forma de agir adaptativamente aos eventos.

Outra estratégia de enfrentamento é o foco na emoção ou na cognição para mudar ou controlar um desgaste emocional. O enfrentamento aos eventos estressantes baseado na religiosidade ajuda o idoso a restabelecer o senso de significado de vida.

Outra forma que contribui para a manutenção da saúde emocional é a capacidade de o indivíduo selecionar os domínios em que tem boa funcionalidade, otimizando os ganhos e compensando as perdas. Este processo de seleção do que é significativo ajuda o idoso a se ajustar às expectativas conduzindo a uma melhor satisfação na vida.

5º) Relações positivas e autoaceitação

Ter relações positivas com os outros também ajuda na saúde emocional e no bem-estar na velhice, manter relacionamentos duradouros e felizes, interações satisfatórias. E ter atitudes positivas sobre si mesmo e sobre a própria vida presente e passada, este é o conceito de autoaceitação.

Considerações finais

Existem muitos outros fatores estudados pelo campo da psicologia do envelhecimento que contribuem para o envelhecimento pleno e saudável.

Os profissionais de saúde também se beneficiam dessas pesquisas e do conhecimento sobre esses fatores que ajudam a manter os idosos com bom nível de bem-estar e satisfação na vida.

É essencial conhecer melhor os contextos e realidades que os idosos se encontram e envelhecem, como desenvolvem a capacidade de resiliência e sabedoria, obtendo mais senso crítico e sensibilidade e, ao mesmo tempo, olhar o processo de envelhecimento e velhice sem estereótipos e estigmas.

Cuidar da saúde mental é cuidar da vida.