por Elisandra Vilella G. Sé
Dentre as diversas consequências do aumento da proporção de idosos na população brasileira está sua participação na força de trabalho. Além disso, o rendimento do seu trabalho é fundamental na composição de sua renda pessoal e familiar.
Sua participação no mercado de trabalho é heterogênea em relação à região de residência, raça, escolaridade e formas de ocupação.
A participação do idoso no mercado de trabalho se divide em duas classes, uma é composta por não aposentados que trabalham e a classe de aposentados que trabalham; sendo a população economicamente ativa idosa a soma dessas duas categorias.
À medida que eles envelhecem, as melhores chances de permanecerem ativos pertencem aos mais bem qualificados, aos de melhor escolaridade e, sobretudo, aos que não estão fragilizados.
Dessa forma, é importante descrever qual tipo de ocupação os idosos estão engajados no mercado de trabalho e quais são os idosos que trabalham atualmente e o que significa para esse idoso a sua participação na população economicamente ativa (PEA). Quais são as perspectivas futuras quanto à participação dos idosos na PEA?
De acordo com as informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) pode ser observado um relativo declínio da participação masculina no mercado de trabalho e a participação feminina (mulheres idosas) se mantém estável desde 2002, estando em torno de 10%. Isso se dá pelo próprio processo da feminização da velhice, de modo que existem muito mais mulheres do que homens idosos aposentados.
As evidências para as três últimas décadas demonstram não estar ocorrendo no Brasil o decrescimento dos níveis da atividade econômica dos idosos, a exemplo do que a literatura internacional sugere ocorrer na maior parte dos outros países.
Com o efeito do envelhecimento populacional a tendência é se manter os níveis de atividade dos idosos masculinos e uma provável participação das mulheres idosas no mercado de trabalho, o que significa que o peso relativo da população idosa na PEA tende a crescer continuamente e ainda por muitas décadas. Com isso, a PEA se tornará cada vez mais envelhecida. Esse fenômeno chama a atenção de empresários e empreendedores no sentido de pensar no plano de negócios para essa demanda.
Com base nesse cenário, em termos de perspectivas de necessidades de geração de empregos, esse será um segmento que irá pressionar o mercado de trabalho, com um incremento da ordem de aproximadamente 300 mil idosos sendo somados a cada ano à PEA de 60 anos e mais. Tal tendência de crescimento da oferta de trabalhadores idosos, somada às precárias perspectivas de ampliação da cobertura do sistema previdenciário, estabelece a importância de se planejar cuidadosamente políticas específicas para esse segmento de potenciais trabalhadores e consumidores.
Contudo, o sucesso no desenho dessas políticas depende do conhecimento prévio das especificidades da atividade do idoso.