por Ricardo Arida
No artigo anterior – clique aqui e leia – foi comentado o efeito do exercício sobre a saúde mental. É importante ressaltar que o exercício físico também previne o declínio cognitivo que normalmente ocorre com o envelhecimento. Com o decorrer da idade, o cérebro diminui de densidade em regiões importantes para essa função. Muitas das áreas que perdem neurônios estão envolvidas em tarefas que requer atenção, planejamento e memória. A boa notícia é que com o exercício físico regular, esse déficit pode ser retardado.
Já é conhecido que idosos ativos fisicamente executam tarefas de atenção melhor que os não ativos. Nesse sentido, uma *pesquisa recente mostrou que participantes fisicamente condicionados apresentaram um rendimento melhor nos testes de atenção.
Além disso, estudos de imagem do cérebro durante o teste revelaram que as áreas cerebrais conhecidas em contribuir com o processo de atenção estavam mais ativadas em idosos fisicamente condicionados. Porém, o exato mecanismo responsável pela melhora da cognição em indivíduos idosos ainda não está totalmente esclarecido.
Tarefa de atenção
Quarenta e um indivíduos entre 55 e 79 anos realizaram uma caminhada de 1 milha (± 1600 m) e foram avaliados em uma tarefa de atenção no computador. Este tipo de teste de atenção é fácil para os jovens, mas se torna difícil com o decorrer da idade. Os participantes com boa condição física responderam com mais rapidez e com mais acertos. Testes de neuroimgem mostraram que certas áreas do cérebro (áreas relacionadas à atenção) estavam mais ativadas em indivíduos treinados.
Seguindo essa linha de raciocínio, estudos experimentais (em animais de laboratório) sugerem que o exercício aeróbio aumenta o número de neurônios, conexões entre neurônios, assim como a capilarização no cérebro. Dessa forma, acredita-se que tais alterações sejam responsáveis para esta melhora. Paralelamente, outros estudos indicam que o exercício físico previne a perda de neurônios no hipocampo, uma área importante para o aprendizado e memória.
Ainda tem sido observado que indivíduos ativos apresentam um risco menor para a doença de Alzheimer (uma doença degenerativa/progressiva que compromete o tecido cerebral causando diminuição da memória, dificuldade no raciocínio, de pensamento e alterações comportamentais).
Portanto, qual é a melhor forma para manter o cérebro funcionando adequadamente? De acordo com vários pesquisadores, se exercitar no início da vida e manter esta atividade ao longo da vida é o mais apropriado.
*Colcombe e col. Cardiovascular fitness, cortical plasticity, and aging. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 101(9):3316-21, 2004.